quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Amazônia está mais resistente a mudanças climáticas, aponta estudo
Estimulo ao crescimento propiciado por CO2 supera efeitos nocivos.
Pesquisa foi publicada na revista 'Nature' na quarta-feira.
A floresta amazônica não é tão vulnerável como se acreditava ao aquecimento global, porque o dióxido de carbono (CO2) também funciona como fertilizante, aponta estudo publicado na revista “Nature” na quarta-feira (6).
De acordo com os pesquisadores, o estímulo ao crescimento propiciado pelo CO2 provavelmente irá superar os efeitos nocivos da mudança climática previstos para este século.
"Não estou mais tão preocupado com uma extinção catastrófica por causa da mudança climática provocada pelo CO2. Nesse sentido, é uma boa notícia", disse o autor Peter Cox, da Universidade de Exeter, na Inglaterra.
Cox também havia sido o autor principal de um estudo que teve grande repercussão em 2000, prevendo que a Amazônia poderia secar a partir de 2050 e morrer por causa do aquecimento. Outros sugeriram que as queimadas poderiam transformar a selva em cerrado.
“Felizmente, a liberação de carbono no ambiente é balançeada pelos efeitos positivos da fertilização pelo CO2, que vai superar o efeito negativo sobre a mudança climática, de modo que as florestas globais devem continuar a acumular carbono ao longo do século 21", disse Cox.
As plantas absorvem dióxido de carbono da atmosfera e o usam como ingrediente para desenvolver folhas, galhos e raízes. O carbono armazenado é devolvido à atmosfera quando a planta queima ou apodrece.
Um recuo da cobertura florestal amazônica, com a consequente liberação de uma vasta quantidade de carbono, poderia portanto agravar o aquecimento global, um fenômeno que pode provocar mais inundações, tempestades violentas e elevação do nível dos mares, por causa do degelo nas calotas polares.
Variação de CO2
Os cientistas disseram que o estudo foi importante porque usou modelos comparativos do crescimento florestal em relação às variações nos níveis de CO2 atmosférico.
A equipe estudou como essas variações anuais na concentração de dióxido de carbono estão relacionadas às mudanças de longo prazo no montante de carbono armazenado nas florestas tropicais.
Eles chegaram à conclusão de que os efeitos nocivos da mudança climática podem levar à liberação de 50 bilhões de carbono acumulados em terras tropicais, principalmente na Amazônia, a cada grau Celsius a mais na temperatura média do planeta.
Porém, a fertilização pelo CO2 supera as perdas na maioria dos cenários, podendo chegar a um aumento líquido de até 319 bilhões de toneladas de carbono armazenado até o fim do século. Atualmente, estima-se que haja de 500 bilhões a 1 trilhão de toneladas de carbono armazenados nos trópicos.
O estudo diz ainda que a mudança climática pode ser mais nociva para a Amazônia se outros gases do efeito estufa, como o ozônio e o metano, sem efeito fertilizante, assumirem um papel maior.
Os pesquisadores, no entanto, estão certos de que as florestas tropicais vão sofrer com as alterações climáticas se o dióxido de carbono não fertilizar a vegetação tão fortemente como sugerem os modelos climáticos.
"A saúde das florestas tropicais a longo prazo vai depender da sua capacidade de resistir às múltiplas pressões provocadas pelas mudanças climáticas e pelo desmatamento. Nossa pesquisa lança luz sobre o aquecimento, mas o desmatamento permanece sendo uma fonte significativa de pressão para o ecossistema", afirmou o co-autor do estudo, Chris Jones.
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