segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Brasil ‘estreita relações’ com centro responsável por colisor de partículas


Negociador não vê expansão do Cern como reflexo de crise financeira.
Comissão vê chance de Congresso avaliar adesão no início de 2011.


Brasil ‘estreita relações’ com centro responsável por colisor de partículas
Negociador não vê expansão do Cern como reflexo de crise financeira.
Comissão vê chance de Congresso avaliar adesão no início de 2011.

Ana Luiza Sério Especial para o G1, de Genebra
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Uma das instalações do Grande Colisor de Hádrons (LHC), megatúnel para colidir partículasUma das instalações do Grande Colisor de Hádrons (LHC), megatúnel para colidir partículas (Foto: Andrew Strickland / cortesia Cern 7-8-2010)

A comissão brasileira que esteve em Genebra para negociar a entrada do país como membro do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern, na sigla em francês), retornou ao Brasil sábado (18). Foram três dias de reuniões e visitas aos laboratórios que resultaram em uma carta de intenções em que o centro afirma o interesse na participação brasileira. O Brasil foi o primeiro país a negociar com o Cern. Outros países, como a Índia e a China já demonstraram interesse.
Claramente a expansão deles
está motivada em reduzir a contribuição dos outros países, com mais países contribuindo. Mas, na verdade, esse interesse precede a crise econômica. O movimento de expansão não é uma consequência da crise"
Ronald Shellard, presidente da comissão brasileira

De acordo com Ronald Shellard, presidente da comissão, o resultado das negociações foi “melhor do que o esperado”. “O processo está mais rápido e o ministro tem intenção de encaminhar logo. Essas negociações abrem uma perspectiva para as empresas brasileiras muito interessante”, afirmou.

O próximo passo é o ministro de Ciência e Tecnologia Brasileiro, Sérgio Rezende, apresentar um documento oficial, reafirmando a intenção brasileira. Isso deve ocorrer até o final do ano, quando o conselho do Cern aprovaria a adesão brasileira e um grupo faria uma visita ao país.

“Assim, no inicio do ano que vem já teríamos esse processo no Congresso”, diz Shellard, para quem as eleições presidenciais não afetariam o acordo: “Essa questão da relação com o Cern deixou de ser uma política de governo e passou a ser uma política de Estado. Então, acreditamos, que independentemente de quem seja eleito, não haja grandes mudanças no perfil científico e que as decisões tomadas por esse ministro serão honradas.”

Em nota publicada para a imprensa, o diretor geral do Cern ressalta “que muitos brasileiros têm dado sua contribuição aos programas” do Cern desde seus primórdios e “hoje participam de forma vigorosa” em vários de seus programas científicos, em particular nos experimentos do LHC, a “Máquina do Big Bang”. A iniciativa do Brasil no sentido de tornar-se um dos primeiros países-membros associados ao Cern, diz o texto, “traz muita alegria e, certamente, dará o Brasil papel de destaque na organização”.

Shellard não entende a iniciativa do Cern como uma resposta ao recente corte de orçamento, divulgado semana passada. “Claramente a expansão deles está motivada em reduzir a contribuição dos outros países.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Inscrições para o Enem 2010 vão de 21 de junho a 9 de julho



O presidente do Inep, Joaquim José Soares Neto, anunciou hoje que as inscrições para o Enem deste ano começam no dia 21 de junho, e seguem até 9 de julho. O anúncio foi feito durante entrevista concedida ao lado da secretária de educação superior do Ministério da Educação, Maria Paula Dallari Bucci. As provas serão aplicadas nos dias 6 e 7 de novembro.

Mais de 16 mil vagas na seleção unificada do meio do ano

Para quem fez o Enem em 2009, começa nesta quinta-feira, 10, e segue até 14 de junho o período de inscrições para a segunda edição do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que selecionará os candidatos às vagas nos institutos federais e universidades federais e estaduais que aderiram ao sistema para a oferta de vagas para o segundo semestre de 2010.

Nesta edição, oito instituições que não participaram do primeiro processo, em janeiro, aderiram ao sistema para selecionar seus candidatos. Ao todo, participam desta rodada 35 instituições públicas de ensino superior, sendo 15 universidades federais, 18 institutos federais e duas universidades estaduais. Ao todo, são oferecidas 16.573 vagas em cursos superiores, entre bacharelados, licenciaturas e cursos superiores de tecnologia.

Podem participar da seleção os candidatos que prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2009. Para inscrever-se, o candidato deverá informar seu número de inscrição no Enem 2009 e sua senha de acesso cadastrada no exame. As inscrições estarão abertas no período das 8h às 23h59 (horário de Brasília), de 10 a 14 de junho.
O aluno poderá acessar o Sisu com sua senha do Enem, sendo facultado ao candidato a criação de uma nova senha para acesso ao sistema.

As inscrições serão feitas em uma única etapa, de 10 a 14 de junho. Ao inscrever-se, o aluno poderá fazer até duas opções de curso e instituição, em ordem de preferência, e poderá alterar suas opções até o final do período de inscrição.

Ao final das inscrições, haverá três chamadas subsequentes. Os candidatos selecionados em sua primeira opção não serão convocados nas chamadas posteriores, nem mesmo aqueles que não realizarem a matrícula. Ao final das três chamadas, caso ainda existam vagas, as instituições convocarão os candidatos a partir da lista de espera gerada pelo sistema.

O Sisu também oferece vagas específicas para políticas afirmativas. Essa informação estará disponível no sistema, e ao inscrever-se o candidato deverá informar se deseja concorrer às vagas de ampla concorrência ou às vagas de políticas afirmativas. As políticas afirmativas oferecidas pelo sistema seguem o que é adotado pela instituição, com base na decisão de seus conselhos universitários.

Assessoria de Imprensa do Inep/MEC

domingo, 13 de junho de 2010

Desastre ambiental



Consequências do vazamento de petróleo no Golfo do México


A mancha negra que se estende sobre o Oceano Atlântico, numa área equivalente a onze vezes a cidade do Rio de Janeiro, é a imagem da maior catástrofe ambiental da história dos Estados Unidos. O vazamento de petróleo cru e de gás no Golfo do México causou, além de danos ao meio ambiente, perdas econômicas e políticas para o governo de Barack Obama. E como todas as tentativas de conter o vazamento falharam, a mancha deve se alastrar por mais um mês, agravando a situação.



O acidente também obrigou o governo norte-americano a revisar as políticas de energia e a regulamentação do setor petrolífero que explora o óleo mineral em águas profundas. É uma discussão que também interessa ao Brasil, que deve definir em breve as regras de exploração do petróleo na camada pré-sal.

Na noite de 20 de abril de 2010, uma explosão na plataforma Deepwater Horizon, arrendada pela empresa British Petroleum (BP), matou 11 funcionários. Dois dias depois, a plataforma afundou a aproximadamente 80 quilômetros da costa da Louisiana, sul dos Estados Unidos. O petróleo começou a vazar da tubulação rompida a 1,5 quilômetro da superfície do mar, formando uma enorme mancha que se aproxima do litoral americano. Desde então, o óleo vem prejudicando a fauna marinha, o turismo e a pesca na região.

Pela sua extensão, este foi considerado o pior vazamento de petróleo da história dos Estados Unidos. Estimativas iniciais do governo e da empresa BP apontavam o derramamento de 5 mil barris de petróleo cru por dia, o equivalente a 800 mil litros. No dia 27 de maio, porém, devido ao alerta de cientistas, foi verificado um volume muito maior: de 12 a 25 mil barris diários.

A quantidade acumulada é quase três vezes maior que o vazamento do navio petroleiro Exxon Valdez, ocorrido no Alasca em 24 de março de 1989, até então considerado o mais grave em águas norte-americanas. Na ocasião, foram espalhados 250 mil barris (40,9 milhões de litros) de petróleo cru no mar, provocando a morte de milhares de animais. Tudo indica que, desta vez, a catástrofe será maior para o ecossistema.

Pelicanos
O Departamento de Pesca dos Estados Unidos emitiu um boletim alertando para os danos causados a animais marinhos do Golfo, tanto pelo petróleo quanto por produtos tóxicos usados na limpeza. Segundo o documento, os componentes químicos causam irritações, queimaduras e infecções na pele. A ingestão pode trazer problemas ao aparelho gastrointestinal, danificar órgãos e, a longo prazo, levar à morte.

Entre os animais em risco está a ave-símbolo do Estado de Louisiana, o pelicano marrom. O santuário da espécie - a ave só recentemente saiu da lista de animais ameaçados de extinção - foi atingido pelo petróleo. Toda vez que o pelicano marrom mergulha atrás de peixes, ele fica com as penas cobertas de óleo; desse modo, não consegue regular a temperatura corporal e morre de hipotermia.

Quatro espécies de tartarugas marinhas, além de golfinhos, cachalotes, camarões e outros crustáceos e peixes (o Golfo do México é um dos únicos viveiros, no mundo, do atum rabilho) estão entre as espécies ameaçadas. O plâncton, inclusive, organismo que está na base da cadeia alimentar marinha, não sobrevive em contato com o petróleo.

A mancha de petróleo colocou em alerta toda área costeira de Louisiana e das regiões vizinhas da Flórida, do Mississipi e de Alabama. O acidente também afetou a indústria pesqueira, os serviços, o comércio e até o turismo, uma vez que as praias ficaram sujas de óleo. A pesca comercial e recreativa foi proibida. O motivo, segundo o governo, é proteger a população do consumo de moluscos contaminados com componentes cancerígenos do petróleo.

Criadores de camarão tiveram a atividade suspensa e abriram processos judiciais contra a BP. A Louisiana é o maior Estado produtor de camarões nos Estados Unidos.

Somados, os prejuízos para a economia podem chegar a mais de US$ 1,6 bilhão (R$ 2,9 bi), de acordo com especialistas. O Estado de Louisiana ainda gastou cerca de US$ 350 milhões (R$ 638,9 milhões) em barreiras de contenção.

Há 31 anos, o ecossistema do Golfo do México foi afetado por um acidente semelhante. Em 3 de junho de 1979, a plataforma Ixtoc I explodiu na baía de Campeche, a 100 quilômetros da costa mexicana. Foram derramados entre 10 e 30 mil barris de petróleo por dia, até que a tubulação foi tampada em 23 de março 1980. Traços de petróleo ainda eram visíveis três anos depois da tragédia.

Exploração
Todas as tentativas da BP para conter o vazamento falharam: a empresa tentou injetar uma mistura de lama e cimento na tubulação, colocar uma capa de proteção, sugar o petróleo com mangueiras e cavar poços ao lado da plataforma submersa. Na mais recente tentativa, iniciada no dia 1º de junho, a ideia era usar robôs submarinos para instalar um equipamento que pode redirecionar o fluxo para a superfície, onde o petróleo será recolhido em navio.

Enquanto isso, por conta do acidente, o presidente Barack Obama amarga, além da queda de popularidade, uma crise política. Ele foi acusado pela oposição republicana de demorar muito para resolver o caso e de mau gerenciamento nos esforços de contenção da mancha. A situação do presidente foi comparada à de seu antecessor, George W. Bush, criticado pela lentidão no socorro às vítimas do furacão Katrina, que devastou New Orleans (na mesma região) em 2005.

Em maio de 2010, pressionada pelos republicanos e contrariando ativistas ambientais, a Casa Branca deu passe livre para que as multinacionais petrolíferas ampliassem a exploração em águas profundas. Agora, Obama foi obrigado a admitir o excesso de confiança na autorregulamentação das empresas e adotar medidas de cancelamento da prospecção de petróleo no Golfo do México, além de prorrogar a moratória (suspensão de verbas) para a exploração na costa do Atlântico.

Como resultado do desastre em Louisiana, os Estados Unidos devem apertar o cerco às agências reguladoras do setor e obrigar a indústria a investir em mais segurança. Assim, o custo de extração e produção de petróleo deverá sofrer aumentos, podendo afetar também os investimentos na camada pré-sal, no Brasil, e reorientar as metas de segurança da Petrobras.

Por fim, o acidente na costa dos Estados Unidos dá novo fôlego ao debate sobre energias alternativas. O petróleo, que hoje é a principal fonte de energia do mundo, é escasso, cada vez mais caro, cria políticas de guerra (como no Oriente Médio) e danos ao meio ambiente. Os Estados Unidos respondem por apenas 2% das reservas do planeta e a produção interna atende a um quinto do consumo doméstico. Para o gigante econômico, a solução se delineia, cada vez mais, num futuro em que o desenvolvimento do país seja menos movido pelo "ouro negro".

terça-feira, 1 de junho de 2010

Energias: O Futuro sustentável




Em dezembro do ano passado, diversas nações de todo o mundo reuniram-se em Copenhague na Dinamarca para tentar um acordo de redução das emissões de gases estufas nas próximas décadas.
A proposta mais efetiva para alcançar esse objetivo seria a substituição do uso de combustíveis fósseis por fontes de energia renovável. Apesar de se tratar de uma das prioridades planetárias não houve consenso nesse encontro.
Recentemente cientistas da Stanford University classificaram os sistemas de energia de acordo com seu impacto no aquecimento global, na poluição, no fornecimento de água, no uso de terras, no uso selvagem e em outros fatores também importantes. As melhores opções foram às energias eólicas, solar, geotérmica, das marés e hidrelétrica ― todas movidas pelo vento, água ou luz solar. A energia nuclear, o carvão com seqüestro de carbono e o etanol foram considerados opções secundárias, assim como o petróleo e o gás natural.
O estudo descobriu que boa parte da poluição do setor de transporte poderia ser eliminada com a substituição dos automóveis convencionais por automóveis movidos a bateria e a célula de hidrogênio, já que apenas 20% da energia da gasolina é usada para mover um automóvel (o resto é perdido como calor), enquanto 80% em média da eletricidade fornecida a veículo elétrico é aproveitada para seu funcionamento.
Hoje, a quantidade máxima de eletricidade consumida ao redor do mundo a cada instante é de 12,5 trilhões de watts, estima-se que em 2030 o mundo precisará de 16,9 trilhões de watts devido o aumento populacional e dos padrões de vida. Para se reduzir as emissões de gases estufa e de outros poluentes do ar, teriam que se investir pesado em fontes de energia limpa e de um planejamento minucioso para não gerar prejuízos ao meio ambiente.
Por Daniel Normando.

quinta-feira, 25 de março de 2010

O efeito colateral do Enem

Fábio Campos
24 Mar 2010 - 00h37min

Em sequência, o debate sobre o caso UFC-Enem. Hoje, um professor se posiciona contra a política adotada pela UFC de disponibilizar 100% das vagas para os oriundos do Sistema de Seleção Unificada, o SiSU. Amanhã, um estudante levanta um tema muito importante: o sistema desobriga o vestibulando a se debruçar sobre os conteúdos que dizem respeito especificamente ao Ceará. Atentem para os argumentos do professor do Departamento de Computação e dirigente da Associação dos Docentes da UFC, Marcelino Pequeno: ``O Enem sinaliza para uma política benfazeja do MEC de modificar o ensino médio, fazendo com que ele perca seu caráter cumulativo de informações (a decoreba) e passe a privilegiar o raciocínio lógico e a interpretação textual. O impacto principalmente sobre a -industria dos cursinhos- é bem vinda. Entretanto, o Enem, por ser um exame nacional, possibilitou que o MEC divisasse o SiSU, mas este é um efeito colateral que não teve tempo de ser devidamente maturado e discutido com as universidades e a sociedade brasileira. A agenda eleitoral do ministro Fernando Haddad como pré-candidato ao governo de São Paulo precipitou o lançamento do sistema sem o devido planejamento``.

E A POLÍTICA DE INTERIORIZAÇÃO?
Continua Marcelino Pequeno: ``O pior é que o SiSU é inconsistente com as políticas que o próprio MEC vinha praticando. O Governo Lula praticou uma política de interiorização das universidades. Mais de uma dezena de novas universidades fora das capitais foram inauguradas. O Ceará é beneficiário desta política com a criação dos campi de Sobral, Cariri e Quixadá. O intento é claro: levar o ensino superior para a população interiorana do país, promovendo o desenvolvimento regional. O SiSU no Ceará será mais sentido nestes campi do interior com uma redução drástica da população destes municípios conseguindo vaga na UFC. Outra política do governo é a inclusão social com as cotas racial e social para o acesso às universidades. Esta política também fica radicalmente prejudicada com a adoção da seleção unificada``.

RISCO DE AUMENTAR A DISPARIDADE
Mais: ``O Brasil tem duas grandes desigualdades: a geográfica (ou regional), separando as regiões pobres das regiões ricas; e a social, discriminatória pelo poder econômico. Ambas são potencializadas pelo SiSU. A regional já está evidenciada pelos números que a Coluna apresentou. São Paulo -exportou- 2.531 alunos e -importou- 169. O Piaui -exportou- 85 e -importou- 612. Se for feita uma pesquisa apenas nos cursos de maior concorrência: Medicina, Direito e Engenharias se verificará que estes números são muito maiores do que os 25% em média da migração provocada pelo SiSU (8.353 em 33.039 estudantes matriculados). Antes do SiSu este número era de apenas 1%. Os números da desigualdade social o MEC ainda não divulgou. Quantos dos 42.000 alunos matriculados pelo SiSU são oriundos da escola pública? Nossa previsão é que será uma fração que incrementará a já enorme disparidade de acesso entre alunos da escola pública e privada``.

HOBIN HOOD ÀS AVESSAS
``Ou seja, os dois tipos de privilegiados, o regional e o social, veem suas chances de acesso à universidade serem multiplicadas, em detrimento das regiões e populações empobrecidas. É um Robin Hood às avessas, um verdadeiro atentado social. Mais paulistas ricos dentro das universidades e menos nordestinos pobres!! Este argumento por si só já devia invalidar qualquer tentativa de se levar a frente esta -seleção unificada-. Mas há outros menores. Como por exemplo, as universidades estarem despreparadas para atender aos estudantes -estrangeiros-, o custo de se viver em outro estado é caro, quem arcará com a despesa? A UFC recebeu um incremento de R$ 6 milhões em sua verba de assistência estudantil, e hoje atende a 256 alunos em suas residências, ou seja, apenas 1% de seu total de alunos que passa de 25 mil``.

MARCHA PARA O CADAFALSO
``Em vez de -mobilidade- prefiro chamar de -migração-. Mobilidade é quando um aluno de uma universidade vai por um período (em geral seis meses ou um ano) em outra universidade e retorna. Este tipo de intercâmbio acadêmico tem um salutar efeito multiplicador. Acontece muitas vezes entre instituições do próprio país e também com o exterior. A UFC tem vários programas assim. O que mais me dói é ver a UFC marchar célere para o cadafalso, colocando 100% de suas vagas nesta -arapuca- como caracterizou o Elio Gaspari. A reação dentro da universidade é mínima, espero que a Coluna ajude a vir à tona este tema tão preocupante``.

terça-feira, 9 de março de 2010

Enem mostra disparidade de vagas

No DF, relação chegou a 210,9 candidatos por vaga, enquanto RS registrou média de seis

O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação (MEC), que usa a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como critério de entrada em universidades públicas, teve na sua terceira e última etapa uma concorrência que chegou a 210,9 candidatos por vaga, dependendo da região. Foi essa a relação no Distrito Federal, onde havia cadeiras disponíveis em apenas um curso.



Em situação inversa, o Rio Grande do Sul registrou média de seis estudantes disputando um lugar no ensino superior, a menor do Brasil.



Os números expressam as disparidades na distribuição de oportunidades na fase final do processo, que é testado pela primeira vez pelo governo. Enquanto no DF havia 12 vagas para o curso de agroecologia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB), cinco instituições gaúchas tinham juntas 3.786 em 150 cursos.



A concorrência também foi grande no Espírito Santo (48,35 por vaga), Bahia (33,03), Goiás(29,2) e Maranhão (28,1). Em alguns cursos, como os de medicina na UFPEL (RS), Univasf (PE), Unirio (RJ) e Ufam (AM), uma chance de estudo era pleiteada por mais de 100 pessoas.



Segundo o MEC, a expectativa é que, na próxima edição do sistema, mais instituições adotem o Enem como critério de seleção, contribuindo para equilibrar a oferta de cadeiras e a relação candidato/vaga nos estados.



Os aprovados da terceira etapa, cuja lista foi divulgada semana passada, têm entre amanhã e sexta-feira para fazer matrícula. Quem não foi selecionado pode, no mesmo prazo, confirmar se deseja fazer parte da lista de espera do curso para o qual se inscreveu, tendo a oportunidade de ficar com uma vaga não preenchida. Nas duas fases anteriores, quase a metade das 47 mil vagas não foi ocupada.

(Fábio Fabrini)

(O Globo, 8/3)

Colisor LHC, da experiência do Big Bang, poderá revelar universo escuro





Só 5% do universo é conhecido atualmente.
Há potencial para descoberta no curto prazo.




Foto: Maximilien Brice / Cern 16-12-2009
Limites da ciência - 'Não sabemos o que é a matéria escura', diz diretor do Cern; foto mostra equipe de cientistas envolvidos nas experiências do Grande Colisor de Hádrons (Foto: Maximilien Brice / Cern 16-12-2009)





"O LHC pode ser a primeira máquina a nos dar um insight sobre o universo escuro. Estamos abrindo a porta para a Nova Física, para um período de descobertas"

A matéria escura, que os cientistas acreditam que forme até 25% do universo, mas cuja existência nunca foi provada, poderá ser detectada pelo acelerador de partículas gigante da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (Cern), disse nesta segunda-feira (8) o diretor-geral do centro de pesquisas.



Rolf-Dieter Heuer afirmou em uma entrevista coletiva que alguma evidência da matéria poderá surgir até mesmo no curto prazo a partir do acelerador de partículas destinado a recriar as condições do Big Bang, o nascimento do universo ocorrido há cerca de 13,7 bilhões de anos.



"Não sabemos o que é a matéria escura", disse Heuer, diretor do Cern, que fica na fronteira entre Suíça e França, nas proximidades de Genebra".




Se formos capazes de detectar e compreender a matéria escura, nosso conhecimento vai se expandir para abarcar 30% do universo, um enorme passo adiante"

"Nosso Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) poderá ser a primeira máquina a nos dar um insight sobre o universo escuro", disse ele. "Estamos abrindo a porta para a Nova Física, para um período de descobertas."



Astrônomos e físicos afirmam que apenas 5% do universo é conhecido atualmente e que o remanescente invisível consiste de matéria escura e de energia escura, que formam cerca de 25% e 70%, respectivamente.




"Se formos capazes de detectar e compreender a matéria escura, nosso conhecimento vai se expandir para abarcar 30% do universo, um enorme passo adiante", afirmou Heuer.



O LHC, a maior experiência científica do mundo centralizada num túnel subterrâneo oval de 27 quilômetros, está atualmente em atividade para, até o final do mês, colidir partículas com a maior energia já alcançada.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

UFC adotará ENEM como forma de ingresso

O Reitor Jesualdo Farias anunciou, em entrevista coletiva concedida no auditório da Casa de José de Alencar, na tarde de hoje, sexta-feira (26), que a Universidade Federal do Ceará adotará o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em substituição ao Vestibular (fase única), como processo seletivo para ingresso de estudantes na instituição. A medida já entra em vigor este ano e a Universidade terá um prazo de 90 dias para se adequar ao novo sistema.

A decisão foi tomada agora à tarde por ato ad referendum, instrumento jurídico previsto no estatuto da UFC, após análise do respaldo político e jurídico pela Administração Superior.

Pela manhã, a reunião do Conselho Universitário – instância máxima deliberativa da Universidade Federal do Ceará – convocada para decidir sobre a proposta de adesão da UFC ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), havia sido suspensa por volta das 9h30min, devido à invasão por um grupo de estudantes.

Na coletiva, o Prof. Jesualdo Farias lembrou que 14 das 15 unidades acadêmicas da UFC manifestaram-se a favor da adesão ao ENEM, assim como 82% dos professores que responderam à consulta realizada pela Associação dos Docentes da UFC (ADUFC). Além disso, destacou que o próprio Conselho de Entidades de Base (CEB) – instância deliberativa do movimento estudantil da universidade – votou pela aprovação da adesão ao ENEM.

Dos 46 membros do Consuni, 39 assinaram a ata da reunião da manhã de hoje. Após a interrupção da reunião, cerca de 80% dos conselheiros enviaram documento ao Reitor solicitando que, usando de instrumento legal, fosse acatada a decisão da comunidade universitária a favor da adoção do ENEM. Em sua fala, o Prof. Jesualdo Farias admitiu que o ENEM é um instrumento que está em processo de aprimoramento, mas destacou que é, no momento, a forma de socializar o ingresso na universidade.

Escolhido para atuar como relator do processo sobre adotar ou não o Exame Nacional do Ensino Médio, o Prof. Ciro Nogueira Filho, Diretor do Campus da UFC em Quixadá, deu seu parecer, no qual foram analisados diversos pontos. Foram tópicos considerados a apreciação da Coordenadoria de Concursos (CCV); consultas ao Ministério da Educação (MEC); Lei de Diretrizes e Bases; parâmetros curriculares nacionais para o Ensino Médio e provas do ENEM já aplicadas.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Tumulto adia decisão da UFC de aderir ao Enem.

Manifestantes levaram cartazes, apitos e narizes de palhaço

Confusão, nesta sexta-feira (26), durante encontro do conselho universitário da Universidade Federal do Ceará (UFC). A universidade iria votar sobre a adoção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como critério djavascript:void(0)e ingresso na instituição ao invés do vestibular tradicional, mas estudantes ocuparam o local em protesto.

> Você concorda com a posição dos estudantes? Opine.

Por causa do tumulto, o conselho decidiu suspender a reunião. O reitor Jesualdo Farias, em ato que considerou democrático, permitiu a entrada dos alunos, mas as manifestações impediram as votações.

> Confira imagens da manifestação, além de entrevista com o reitor Jesualdo Farias:

Os estudantes alegam que desde abril do ano passado, quando o Ministério da Educação decidiu pela adesão das notas do Enem nos vestibulares das universidades federais, não houve tempo suficiente para a discussão desse tema.

Ainda não há uma previsão para uma nova data para a votação, muito menos se sabe se os alunos terão novamente acesso ao local onde a votação será marcada. O reitor afirmou que se reunirá com a assessoria jurídica da universidade, para decidir quais atitudes tomar diante do ocorrido.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O Enem e a Universidade Federal do Ceará


Em meio a opiniões divergentes dos que acham que já protelou demais e outros que ela está sendo precipitada, a Universidade Federal do Ceará (UFC) marcou para o dia 26 de fevereiro sua tomada de decisão sobre a adesão ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O atual vestibular encontra poucos defensores, e todos acham que alguma coisa precisa ser feita, mas poucos têm ideias sobre o que fazer. O MEC teve: reformulou seu exame que antes tinha a finalidade de avaliar a qualidade das escolas e o adaptou para medir desempenhos individuais.

O principal objetivo do MEC com a adoção do Enem como forma de acesso ao sistema federal de ensino superior é forçar a reformulação do ensino médio. O Brasil se dá muito mal em avaliações comparativas internacionais ocupando invariavelmente as últimas colocações seja em ciências, matemática ou linguagens. E antes que assumam que estamos falando do ensino público, o Brasil se daria igualmente mal caso a amostra se restringisse aos oriundos das escolas privadas. É o paradigma que prioriza a informação sobre a formação que precisa ser modificado. Nosso estudante lê, mas não interpreta; faz contas, mas não resolve problemas. A preparação para o vestibular se dá através de treinamento com manual de instruções. Educar não é isso. O Enem mede habilidades e competências o que implica que ler, interpretar, contextualizar e raciocinar contam mais do que a lembrança de informações. Neste sentido, o Enem representa um avanço.

Ainda mais complexo, é decidir de que forma adotar o Enem: parcialmente ou como exame único. O exame único traz a vantagem, e também o risco, da universidade participar do Sistema de Seleção Unificada, isto significa que os alunos do Ceará vão poder ocupar vagas em qualquer universidade que adira ao Enem. Em compensação, as vagas da Universidade Federal do Ceará poderão ser ocupadas por alunos de outros estados. Há o receio de que o sistema nacional contribua para formação de ilhas de excelência em torno dos grandes centros, e o Ceará se torne um grande exportador de cérebros.

Mas ainda mais preocupante é o inverso: as vagas de nossas universidades serem ocupadas por alunos oriundos de outros estados. Vejam o que aconteceu com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) que participou do sistema em sua primeira edição. Todas as vagas do curso de Medicina foram ocupadas por alunos de outros estados. Para sorte do Amazonas, a Ufam ofertara apenas 50% das vagas para o Enem, deixando a outra metade para o vestibular próprio.

Com estas preocupações em mente, consideramos que reservar apenas parte das vagas para o Enem seria o mais prudente. Isto permite à universidade monitorar os alunos oriundos dos dois sistemas (Enem e Vestibular) quanto a desempenho acadêmico e taxa de evasão, e, dentro de alguns anos, angariar elementos para saber se participar do exame nacional terá sido benéfico.

MARCELINO PEQUENO
Professor do Departamento de Computação da UFC e 1º Secretário da Associação dos Docentes da UFC

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Para entender a nota do Enem


O novo Enem foi aprovado no dia 06 de Abril; e desde então vem causando polêmica. O principal motivo que esta levantando debates é a substituição do antigo vestibular pelo novo Enem em algumas universidades públicas.

O novo Enem será composto por 180 questões de múltipla escola e uma redação. As provas serão aplicadas em dois dias.

Inscrição no novo Enem

O processo de inscrição será exclusivamente pela internet. A taxa de inscrição para estudantes da rede particular será de R$ 35. Os alunos de escolas públicos estão isentos da taxa de inscrição.

Se uma universidade adotar o novo Enem, significa que ela não terá mais vestibular?

Não. Atualmente há quatro formas de adesão das universidades ao novo Enem:

1 – O Enem substituindo o vestibular.
2 – O Enem sendo utilizado apenas como primeira fase do vestibular.
3 – O Enem como processo seletivo para as vagas que sobraram, após o vestibular.
4 – A nota do Enem seria utilizada apenas como parte da nota do vestibular.

Existe uma nota global do Enem?
Não, o Inep não calcula uma média global de desempenho, apenas apresenta as médias separadamente.


A prova do Enem tem cinco notas: uma para cada área de conhecimento avaliada – Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens e Matemática –, mais a média da redação. Para o cálculo das médias em cada uma das quatro áreas foi utilizada metodologia da Teoria de Resposta ao Item (TRI), que busca medir o conhecimento a partir do comportamento observado em testes. No caso da redação, os critérios são os mesmos do Enem tradicional.

Para distribuição das vagas no Sistema de Seleção Unificada, do Ministério da Educação, as instituições vão utilizar o conjunto de notas do Enem seguindo critérios específicos de agregação e peso.

Como é calculada a nota do Enem em TRI
Diferentemente de uma prova comum, a nota do Enem em cada área não representa simplesmente a proporção de questões que o estudante acertou na prova. Em cada uma das quatro áreas avaliadas, a média obtida depende, além do número de questões respondidas corretamente, também da dificuldade das questões que se erra e se acerta, e da consistência das respostas. Por isso, pessoas que acertam o mesmo número absoluto de itens podem obter médias de desempenho distintas.

O que representa a nota
Na escala construída para o Enem, dentro de cada uma das áreas avaliadas, a nota 500 representa a média obtida pelos concluintes do ensino médio que realizaram a prova (excluídos os egressos e treineiros). Portanto, quanto mais distante de 500 for a nota do estudante, para cima, maior o desempenho obtido em relação à média dos participantes. Mesmo raciocínio vale para desempenho menor que 500, que aponta desempenho pior em relação ao obtido pela média.

Escala
Os limites da escala, dentro de cada área, variam conforme o nível de dificuldade das questões da prova e o comportamento dos estudantes em cada questão. Portanto, o mínimo e máximo para cada área avaliada não são pré-fixados.

Na prova de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, a análise TRI apontou que a menor média de proficiência observada foi 263,3. Esse número representa o início da escala para essa área, ou seja, o nível mais baixo de proficiência possível de mensuração pelas questões da prova. A maior proficiência foi 903,2.

Para Ciências Humanas e suas Tecnologias, as notas variam entre 300,0 e 887,0.

Para a área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, as médias ficam entre 224,3 e 835,6.

No caso de Matemática e suas Tecnologias, as notas vão de 345,9 a 985,1.

Laboratório virtual

O Laboratório Didático Virtual é uma iniciativa da Universidade de São Paulo - USP, atualmente coordenado pela Faculdade de Educação. Nele você vai encontrar simulações feitas pela equipe do LabVirt a partir de roteiros de alunos de ensino médio das escolas da rede pública; links para simulações e sites interessantes encontrados na Internet; exemplos de projetos na seção "projetos educacionais" e respostas de especialistas para questões enviadas através do site.

Link:

http://www.labvirtq.fe.usp.br/appletslistalabvirt2.asp?time=14:35:04

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Cientistas dos EUA desenvolvem maior temperatura da história


Experimento conseguiu calor de 4 trilhões de graus Celsius.
Temperatura é suficiente para derreter prótons e nêutrons.



Cientistas criaram a temperatura mais alta da história em laboratório - 4 trilhões de graus Celsius -, quente o suficiente para desintegrar a matéria e transformá-la no tipo de sopa que existiu milionésimos de segundos depois do nascimento do universo.

Eles usaram um acelerador de partículas gigante do Laboratório Nacional de Brookhaven, do Departamento de Energia dos Estados Unidos, em Nova York, para bater íons de ouro na produção de explosões ultra-quentes, que duraram apenas milésimos de segundos.



Isso, no entanto, foi suficiente para dar aos físicos assunto para anos de estudo, que eles esperam vão ajudar a entender por que e como o universo foi formado.



"Essa temperatura é alta o suficiente para derreter prótons e nêutrons", disse Steven Vigdor, do Brookhaven, em uma entrevista coletiva num encontro da Sociedade Americana de Física, em Washington, nesta segunda-feira 15).



Origem do universo



Essas partículas formam átomos, mas elas próprias são formadas por componentes menores chamados quarks e glúons.



Os físicos buscam agora minúsculas irregularidades capazes de explicar por que a matéria acumulou nessa sopa quente primordial.

Eles também esperam usar seus achados em aplicações mais práticas --como no campo da "spintrônica", que tem como objetivo desenvolver peças de computador menores, mais rápidas e mais potentes.

Eles usaram o Colisor Relativístico de Íons Pesados (RHIC), um acelerador de partículas com 3,8 quilômetros de comprimento e que está a 4 metros abaixo do chão em Upton, em Nova York, para colidir íons de ouro bilhões de vezes.

"O RHIC foi projetado para criar matéria nas temperaturas encontradas inicialmente no universo antigo", disse Vigdor. Eles calculam que a temperatura de 4 trilhões de graus se aproxima muito disso.

O centro do nosso Sol mantém-se a 50 milhões de graus, o ferro derrete a 1.800 graus e a temperatura média do universo é atualmente de 0,7 grau acima do zero absoluto.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Entenda a COP 15


A COP-15, 15ª Conferência das Partes, realizada pela UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, de 7 a 18 de dezembro DE 2009, em Copenhague (Dinamarca), vem sendo esperada com enorme expectativa por diversos governos, ONGs, empresas e pessoas interessadas em saber como o mundo vai resolver a ameaça do aquecimento global à sobrevivência da civilização humana.
Não é exagero. De acordo com o 4º relatório do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, órgão que reúne os mais renomados cientistas especializados em clima do mundo, – publicado em 2007, a temperatura da Terra não pode aumentar mais do que 2º C, em relação à era pré-industrial, até o final deste século, ou as alterações climáticas sairão completamente do controle.

Para frear o avanço da temperatura, é necessário reduzir a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, já que são eles os responsáveis por reter mais calor na superfície terrestre. O ideal é que a quantidade de carbono não ultrapassasse os 350ppm, no entanto, já estamos em 387ppm e esse número cresce 2ppm por ano.

Diminuir a emissão de gases de efeito estufa implica modificações profundas no modelo de desenvolvimento econômico e social de cada país, com a redução do uso de combustíveis fósseis, a opção por matrizes energéticas mais limpas e renováveis, o fim do desmatamento e da devastação florestal e a mudança de nossos hábitos de consumo e estilos de vida. Por isso, até agora, os governos têm se mostrado bem menos dispostos a reduzir suas emissões de carbono do que deveriam.

No entanto, se os países não se comprometerem a mudar de atitude, o cenário pode ser desesperador. Correremos um sério risco de ver:
- a floresta amazônica transformada em savana;
- rios com menor vazão e sem peixes;

- uma redução global drástica da produção de alimentos, que já está ocorrendo;
- o derretimento irreversível de geleiras;
- o aumento da elevação do nível do mar, que faria desaparecer cidades costeiras;
- a migração em massa de populações em regiões destruídas pelos eventos climáticos e
- o aumento de doenças tropicais como dengue e malária.

COP-15: É AGORA OU NUNCA!
Apesar de a UNFCCC se reunir anualmente há uma década e meia, com o propósito de encontrar soluções para as mudanças climáticas, este ano, a Conferência das Partes tem importância especial. Há dois anos, desde a COP-13 em Bali (Indonésia), espera-se que, finalmente, desta vez, tenhamos um acordo climático global com metas quantitativas para os países ricos e compromissos de redução de emissões que possam ser mensurados, reportados e verificados para os países em desenvolvimento.

A Convenção vai trabalhar com o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Isso significa que os países industrializados, que começaram a emitir mais cedo e lançam uma quantidade maior de CO2 e outros gases de efeito estufa na atmosfera em função de seu modelo de crescimento econômico, devem arcar com uma parcela maior na conta do corte de carbono. Por isso, a expectativa é de que os países ricos assumam metas de redução de 25% a 40% de seus níveis de emissão em relação ao ano de 1990, até 2020.

Os países em desenvolvimento, por sua vez, se comprometem a reduzir o aumento de suas emissões, fazendo um desvio na curva de crescimento do “business as usual” e optando por um modelo econômico mais verde. É isso o que fará com que Brasil, Índia e China, por exemplo, possam se desenvolver sem impactar o clima, diferentemente do que fizeram os países ricos.

Para mantermos o mínimo controle sobre as consequências do aquecimento global, a concentração global de carbono precisa ser estabilizada até 2017, quando deve começar a cair, chegando a ser 80% menor do que em 1990.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

SE ME RESTASSE MAIS UMA AULA



Texto de Aluísio Cavalcante Jr.

Como seria esta aula?
Eu aprenderia antes de iniciá-la,
O nome de cada aluno.
Observaria o brilho de cada olhar
E o encanto de cada sorriso.
Então a última lição ensinada
Seria cuidadosamente planejada,
Para não apagar de cada aluno
Seu brilho e encanto.

Esta aula falaria de solidariedade, de amizade e respeito.
Falaria de coisas simples e úteis para a vida.
Falaria da responsabilidade de dedicar a lição aprendida,
Para a construção de um mundo de amor, de paz e esperança.

Não se perderia tempo com ensinamentos inúteis.
Com competição e egoísmo.
E ao final dela nos abraçaríamos e sorriríamos.
E escreveríamos poemas sobre o presente.
E iríamos para as ruas
Falar de solidariedade.
E correríamos para as nossas casas
Para abraçar nossas famílias e amigos.

Mas não é preciso esperar a última aula.
Nem tão pouco buscar a justificativa do impossível.
Pois das dificuldades do presente,
Nasce o professor que transforma o mundo.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

EUA confirmam etanol como biocombustível avançado




Álcool emiste menos da metade de gases-estufa que gasolina, afirma EPA.
Agência diz que combustível pode contribuir contra efeito estufa.

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Environmental Protection Agency, EPA) confirmou nesta quarta-feira (3) que o etanol de cana-de-açúcar é um biocombustível renovável de baixo carbono, que pode contribuir de forma significativa para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. O anúncio de hoje, que contém a regulamentação final da lei que define a produção e uso de biocombustíveis nos Estados Unidos (Renewable Fuel Standard, RFS2), também designa o etanol de cana-de-açúcar como biocombustível avançado, capaz de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em pelo menos 50%, quando comparado com a gasolina.

"A decisão da EPA ressalta os muitos benefícios ambientais do etanol de cana e reafirma como este combustível avançado, renovável e de baixo carbono, pode ajudar o mundo a mitigar os efeitos do aquecimento global e ao mesmo tempo diversificar a matriz energética, inclusive nos Estados Unidos", afirmou o representante-chefe da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) em Washington, Joel Velasco.

O RFS2 vai ajudar os EUA a alcançar suas metas de segurança energética e de redução de gases de efeito, conforme determina o Ato de Segurança e Independência Energética de 2007 (Energy Security and Independence Act of 2007). As novas regulamentações estabelecem um consumo mínimo de 45 bilhões de litros de biocombustíveis nos EUA em 2010, chegando a pelo menos 136 bilhões de litros em 2022. Dessa quantidade final, quase 80 bilhões de litros por ano devem ser destinados aos três tipos de combustíveis considerados avançados: celulósico, diesel de biomassa, e "outros avançados" - para cumprir os níveis de redução de gases de efeito estufa estipulados pela EPA.

Com o anúncio de hoje, a EPA ratificou que o etanol de cana-de-açúcar se encaixa na "outra categoria" de biocombustíveis avançados, porém com uma redução na emissão de gases de efeito estufa que ultrapassa as exigências mínimas para todas as categorias. Especificamente, o cálculo feito pela agência ambiental mostra que o etanol do Brasil reduz as emissões de gases de efeito estufa em até 61% comparado com a gasolina, utilizando um prazo de compensação de 30 anos para emissões ligadas a efeitos indiretos do uso da terra (Indirect Land Use Changes - ILUC).

"Estamos satisfeitos que a EPA tenha se esforçado para melhorar as regulamentações, particularmente na quantificação mais precisa do ciclo de vida completo das emissões dos biocombustíveis. A reafirmação da superioridade do etanol de cana na redução de gases de efeito estufa confirma que a produção sustentável de um biocombustível pode ter um papel importante no combate às mudanças climáticas. Talvez este reconhecimento influencie aqueles que buscam levantar barreiras comerciais contra a energia limpa nos EUA e no mundo. O etanol de cana é um biocombustível de primeira geração com um desempenho de terceira geração", apontou Velasco.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Tragédia no Haiti



Terremoto arrasa país mais pobre das Américas


População da capital haitiana recebe comida e água distribuídas por militares brasileiros
Atualizada em 22 de janeiro, às 12h37
De colônia mais rica do mundo no século 17 a país mais pobre do Hemisfério Ocidental, o Haiti passou os últimos 200 anos martirizado por golpes militares, violência, corrupção, fome e catástrofes naturais. O terremoto que praticamente destruiu a capital Porto Príncipe no dia 12 de janeiro de 2010 foi a pior das tragédias de sua história.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Estimativas apontam entre 150 e 200 mil mortos. Setenta e cinco mil já foram enterrados em valas comuns, segundo o governo haitiano. Entre os mortos estão 20 brasileiros: 18 militares que atuavam na missão de paz, Luiz Carlos da Costa, a segunda maior autoridade civil da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, e a fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns.

Três milhões de pessoas, quase um terço da população, foram afetadas pelo terremoto. Muitas estão deixando o país, revivendo a migração de refugiados do período de ditadura.

Setenta por cento dos prédios de Porto Príncipe foram destruídos, incluindo o palácio presidencial. A infraestrutura da cidade, que já era precária, ficou comprometida, prejudicando os serviços de ajuda humanitária e socorro aos feridos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um alerta para risco de epidemias como hepatite A, difteria, tuberculose, meningite e gripe suína.

Tremores
A República do Haiti situa-se na Hispaniola, uma das maiores ilhas do Caribe, e faz fronteira com a República Dominicana. Numa área de 27,7 quilômetros quadrados - pouco maior que o Estado de Sergipe, que possui 22 quilômetros quadrados - vivem 9 milhões de habitantes. O idioma oficial é o francês e o crioulo. A religião predominante entre os haitianos é a católica (80%), mas quase metade da população pratica o vodu, religião nativa.

O país é um dos mais pobres do mundo, com 80% da população vivendo abaixo da linha da pobreza, com menos de US$ 2 (R$ 3,5) por dia. Também possui índices recordes de mortalidade infantil, desnutrição e contaminação por Aids. Em 2008, mais de mil pessoas morreram e 800 mil ficaram desabrigadas devido a furacões que devastaram a região, com prejuízos de US$ 1 bilhão.

O terremoto que atingiu o país às 16h53 locais registrou grau 7 na escala Richter, considerado "muito forte". Os tremores ocorreram a 10 km da superfície, o que contribuiu para aumentar os estragos nas cidades. Eles foram causados pelo movimento de placas tectônicas do Caribe e América do Norte. O Haiti fica exatamente sobre uma das falhas (espaço entre as duas placas), o que faz com que registre abalos sísmicos com certa frequência.

Tremores de terra dessa magnitude causariam danos em qualquer país, mas as condições históricas que tornam o Haiti uma nação carente de quase todo amparo social contribuíram para piorar a catástrofe.

Nação de ex-escravos
Em 1804, o Haiti foi o segundo país das Américas a conquistar independência das colônias europeias, atrás somente dos Estados Unidos (1776). Foi também a primeira nação negra livre do mundo e a primeira a libertar os escravos, servindo como exemplo de luta abolicionista para o restante do mundo, inclusive o Brasil.

Na época em que era colônia da França, no século 17, o Haiti era rico, responsável por 75% da produção mundial de açúcar. A luta pela independência começou em 1791, liderada pelo escravo Toussaint L'Ouverture, que venceu as tropas de Napoleão.

Ao término das guerras pela independência (1791-1804), toda estrutura agrária montada pela França estava destruída e não havia como substituir a mão de obra escrava nos campos. Os haitianos, escravos libertos mas analfabetos, sem experiência alguma em economia ou política, tiveram que construir uma nação.

Outro fato que dificultou a formação do Estado foi o isolamento do resto do mundo. Como os impérios da época temiam a influência dos negros revolucionários do Haiti, não reconheceram a independência e se recusaram a manter relações comerciais. Além disso, a França cobrou uma indenização pesada da ex-colônia, que o país levaria um século para pagar.

No século 20 ocorreu uma sucessão de golpes de Estado e deposições violentas de presidentes, que tornaram as condições políticas do país altamente instáveis e afugentaram investidores.

Um dos piores períodos corresponde às três décadas sob a ditadura Duvalier, primeiro de François Duvalier, o "Papa Doc", que governou o país de 1957 a 1971. Ele aboliu os partidos políticos, se autoproclamou presidente vitalício e impôs um regime de medo, torturando e matando dissidentes, chegando a um saldo de, estima-se, 30 mil mortos e 15 mil desaparecidos. Papa Doc foi sucedido pelo filho, Jean-Claude Duvalier, o "Baby Doc", que ficou no poder de 1971 a 1986, até ser deposto por uma junta militar.

Brasileiros
O primeiro presidente do Haiti, o ex-padre católico Jean-Bertrand Aristide, foi eleito em 1991. Mas ficou pouco tempo no cargo. O governo foi derrubado no ano seguinte por um golpe. Com apoio militar dos Estados Unidos, Aristide voltou ao poder em 1994, apenas para concluir o mandato e passar o comando para o ex-premiê René Préval, na primeira transição democrática da história haitiana.

Em 2001, Aristide foi reeleito, mas mais uma vez não conseguiu concluir o governo. Ele renunciou em 2004, pressionado por violentas revoltas nas ruas e sob acusação de corrupção e fraudes eleitorais.

Com a iminência de uma guerra civil, o Conselho de Segurança da ONU criou, em abril de 2004, a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah, na sigla em francês). O objetivo era desarmar os grupos guerrilheiros e assegurar a realização de eleições, para trazer estabilidade política e financeira ao país.

O Brasil, que até então nunca havia liderado uma missão de paz da ONU, ficou encarregado do comando militar. Dos 7.100 mil soldados de 17 nações que compõem a força de paz no Haiti, 1.266 são brasileiros. Eles foram responsáveis por pacificar as favelas de Porto Príncipe, controlada por gangues armadas. O trabalho da missão garantiu a realização das eleições de 2006, que devolveram ao cargo o ex-presidente René Préval.

Com o terremoto, a ONU solicitou o aumento de tropas para reforçar a segurança e ajudar na distribuição de remédios e alimentos à população. Foi marcada para o dia 25 de janeiro em Montreal, no Canadá, a primeira reunião preparatória para a conferência internacional para reconstrução do Haiti. Arruinados pelo terremoto, os haitianos dependem hoje totalmente da assistência internacional para sobreviverem.

Ciência do aquecimento global já completa 182 anos de alertas

Matemático e físico Fourier inaugurou campo de estudos em 1827.
Em 1896, Arrhenius 'responsabilizou' queima de combustível fóssil.


Os alertas de cientistas sobre o risco de aquecimento anormal do planeta não começaram com os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC , na sigla em inglês). Depois de publicar avaliações em 1990, 1995 e 2001, o painel lançou em 2007 o documento que se tornou o consenso científico sobre aquecimento , elaborado por nada menos que 1.200 cientistas independentes e 2.500 revisores.



Mas a investigação científica sobre esses processos climáticos começou há muito tempo. Precisamente 180 anos antes do 4º relatório do IPCC ser divulgado, o matemático e físico francês Jean Baptiste Fourier já havia calculado que a Terra seria muito mais fria se não existisse a atmosfera. Trinta e dois anos depois de Fourier, o irlandês John Tyndall descobriu, em 1859, que alguns gases, como dióxido de carbono e metano, aprisionam a radiação infravermelha, criando o efeito estufa. Em 1896, o químico sueco Svante Arrhenius (prêmio Nobel de química em 1903) apontou a queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) como produtora de dióxido de carbono (CO2) e calculou que a temperatura da Terra aumentaria 5°C com o dobro de CO2 na atmosfera.




As medições empíricas começaram para valer em 1958, quando o americano Charles David Keeling pôs em operação uma estação de medições de dióxido de carbono no alto do monte Mauna Loa, no Havaí (a 3,4 km do nível do mar), e detectou a elevação anual de CO2 atmosférico com o aumento do uso dos combustíveis fósseis no pós-guerra.