segunda-feira, 31 de março de 2008

A Química do cabelo


Mal começa o dia e já tentamos arrumá-los, diante do espelho. Uns o querem mais lisos, outros, mais cacheados. Muitos, ainda, lutam para não perdê-los. A postagem desta semana fala sobre o cabelo, a moldura de nosso rosto. Do que é feito, como interage com os xampus e com os condicionadores, de que maneira ele pode ser moldado, colorido e alisado pela adição de alguns compostos químicos.

O cabelo é consituído, basicamente, de uma proteína: a alfa-queratina. As queratinas (alfa e beta) são, também, consitituintes de outras partes de animais, como unhas, a seda, bicos de aves, chifres, pêlos, cascos, espinhos (do porco-espinho), entre outros.

Em cada fio de cabelo, milhares de cadeias de alfa-queratina estão entrelaçadas em uma forma espiral, sob a forma de placas que se sobrepoem, resultando em um longo e fino "cordão" protéico. Estas proteínas interagem fortemente entre si, por várias maneiras (veremos adiante), resultando na forma característica de cada cabelo: liso, enrolado, ondulado, etc..


A raiz de cada fio capilar está contida numa bolsa tubular da epiderme chamada folículo capilar. Estima-se que existam cerca de 5 milhões de folículos capilares no corpo humano. As únicas partes da pele que não têm folículos são as palmas da mão e as solas dos pés. O fulículo recebe irrigação na epiderme e, algumas vezes, pode apresentar disfunções, levando ou ao crescimento excessivo de cabelos (ou pelos) ou à queda de cabelos, um problema enfrentado por boa parte da população. A queda de cabelos é mais frequente nos homens, e estudos indicam que ela está associada à testosterona. Este hormônio é convertido, por uma enzima encontrada nos folículos, em dihidrotestosterona (DHT), que é capaz de se ligar a receptores nos folículos. Segundo Dr. Richard S. Strick, um dermatologista na University of California em Los Angeles, "this binding can trigger a change in the genetic activity of the cells, which initiates the gradual process of hair loss".
A cor do cabelo vem de pigmentos, como a melanina, que são agregados ao cabelo a partir do folículo capilar, o aparelho que é responsável pela produção do mesmo. Em geral, a cor do cabelo está relacionada à cor da pele: pessoas com pele escura tendem a ter cabelos escuros, e vice-versa. Isto porque a pigmentação do cabelo depende da quantidade de melanócitos presentes.

Como se faz o cabelo "Permanente"



Um dos amino-ácidos presentes na queratina é a cisteína, responsável pelas ligações cisteínicas. A cisteína, RSH, pode interagir com outra cisteína da mesma cadeia polipetídica, e formar uma ligação convalente, RSSR. Estas ligações são responsáveis pelas "ondas" que aparecem em nossos cabelos. A possibilidade da interconversão entre as formas oxidadas (RSSR) e reduzidas (RSH) da cisteína é que permite ao cabelereiro "moldar" o seu cabelo, ou seja, alisar um cabelo crespo, ou fazer "cachos" e "ondas" em um cabelo liso. ácido tioglicólico



A primeira etapa consiste na redução de todos os grupos RSSR. Isto se faz, geralmente, com a aplicação do ácido tioglicólico (também conhecido como ácido 2-mercaptoacético) em uma solução de amônia (pH 9). Esta solução reduz os grupos RSSR para RSH. thioglycolic acid (also known as 2-mercaptoacetic acid) in an ammonia solution (about pH 9) reduces RSSR to RSH (os cabelereiros chamam esta solução de "relaxante").
A segunda etapa consite em imprimir no cabelo a forma desejada: lisa ou ondulada. Após se lavar toda a solução de ácido tioglicólico e se enrolar ou esticar o cabelo, o cabelereiro, então, oxida os grupos RSH para RSSR, com a aplicação de um agente oxidante, tal como o peróxido de hidrogênio (H2O2, água oxigenada) ou borato de sódio (NaBrO3) (os cabelereiros se referem a esta solução como "neutralizante"). O novo padrão imposto, então, dura até o crescimento do cabelo, quando será uma nova visita ao salão.

Como o cabelo pode ser colorido?

Existem, basicamente, 2 métodos: o primeiro consiste na incorporação de pigmentos na formação do fio de cabelo. Este processo é lento e, em geral, é feito com pigmentos naturais, tais como o encontrado na henna ou na camomila. Devido ao uso constante, em xampus e/ou condicionadores, estes pigmentos começam a fazer parte dos novos fios de cabelos formados.
O segundo método é a pintura imediata do cabelo, com a destruição dos pigmentos (descoloração) já existentes nos fios, e a incorporação de novos pigmentos. O processo de descoloração é ainda feito, na maioria das vezes, com peróxidos ou amônia, embora ambos os produtos sejam tóxicos. Um dos pigmentos mais utilizados, na coloração, é o acetato de chumbo, embora também seja tóxico.
Indol



As indústrias investem muito em pesquisa nesta área. Recentemente, a americana L'Oréal chegou a uma solução original para o tratamento de cabelos grisalhos: desenvolveu um produto a base de dihidróxido-5-6-indol, um precursor natural da melanina, o principal pigmento do cabelo. A figura ao lado ilustra o indol, o reagente de partida para a síntese do produto da LÓréal.




Analise Quimica da Mulher



Elemento: Mulher

Simbolo: Mu

Descobridor: Adão

Peso Atomico: Em média 50 Kg, mas é sabido que varia de 45 a 75 Kg

Ocorrência: Quantidade excedente em toda a área humana

PROPRIEDADES FISICAS

1 - Superficie geralmente recoberta por revestimentos coloridos

2 - Ferve por nada, congela sem razão

3 - Derrete se submetida a tratamento adequado

4 - Amarga se usada incorretamente

PROPRIEDADES QUIMICAS

1 - Possui afinidades com ouro, platina e pedras preciosas

2 - Capaz de absorver grandes quantidades de materias caras (roupas, jantares, carros, casas,

shows, etc...)

3 - Pode explodir espontaneamente

4 - Extremamente barulhenta quando encontrada em grupo

5 - Insoluvel em líquidos, mas com atividade aumentada por saturação em álcool

6 - Cede a pressão quando aplicada em pontos corretos

UTILIDADES GERAIS

1 - Altamente ornamental, especialmente em carros esportes, iates e piscinas

2 - É o mais poderoso agente redutor de dinheiro que se conhece

3 - Pode ser de grande ajuda para relaxamento

O QUE FALTA EM SUA ESTRUTURA

1 - Botão de ON/OFF

2 - Botão de Volume

setstats1

Carta de um Químico Apaixonado a sua Namorada


Berílio Horizonte, zinco de benzeno de 1998

Querida Valência

Não estou sendo precipitado e nem desejo catalisar nenhuma reação irreversível entre nós dois, mas sinto que estrôncio perdidamente apaixonado por você. Sabismuto bem que a amo. De antimônio posso lhe assegurar que não sou nenhum érbio e que trabario muito para levar uma vida estável.

Lembro-me de que tudo começou nuranio passado, com um arsênio de mão, quando atravessávamos uma ponte de hidrogênio. Você estava em um carro prata, com roda de magnésio. Houve uma atração forte entre nós dois, acertamos os nossos coeficientes, compartilhamos nossos elétrons, e a ligação foi inevitável. Inclusive depois, quando lhe telefonei, mesmo pega de enxofre, você respondeu carinhosamente: "Próton, com quem tenho o praseodímio de falar?".

Nosso namoro é cério, estava índio muito bem, como se morássemos em um palácio de ouro, e nunca causou nenhum escândio. Eu brometo que nunca haverá gálio entre nós e ate já disse quimicasaria com você. Espero que você não esteja saturada, pois devemos buscar uma reação de adição e não de substituição.

Soube que a Ines lhe contou que eu a embromo: manganês cuidar do seu cobre e acredite níquel digo, pois saiba que eu nunca agi de modo estanho. Caso algum dia apronte alguma, eu sugiro que procure um avogrado e que me metais na cadeia.

Sinceramente, não sei por que você esta a procura de um processo de separação, como se fossemos misturas e não substâncias puras! Mesmo sendo um pouco volátil, nosso relacionamento não pode dar erradio. Se isso acontecesse, iridio emboro urânio de raiva. Espero que você não tenha tido mais contato com o Hélio (que é um nobre!), nem com o Tulio e nem com os estrangeiros (Germânio, Polônio e Francio). Esses casos devem sofrer uma neutralização ou, pelo menos, uma grande diluição.

Antes de deitar-me, ainda com o abajur acesio, descalcio meus sapatos e mercúrio no silício da noite, pensando no nosso amor que esta acarbono e sinto-me sódio. Gostaria de deslocar este equilíbrio e fazer com que tudo voltasse a normalidade inicial. Sem você minha vida teria uma densidade desprezível, seria praticamente um vácuo perfeito. Você é a luz que me alumínio e estou triste porque atualmente nosso relacionamento possui pH maior que 7, isto é, está naquela base. Aproveito para lembrar-lhe de devolver o meu disco da KCl.

Saiba, Valência, que não sais do meu pensamento, em todas as suas camadas.

Abracidos do

Marcelantanio

Manchas


Manchas de nicotina (cigarro) nos dedos saem facilmente se você esfregar uma mistura de suco de limão com água oxigenada.

Manchas em estofados, use creme de barbear.

Manchas de sangue, use água oxigenada (10 volumes).

Nódoa de frutas:
Faça uma pasta com perborato de sódio (utilizado como desinfetantes e branqueadores, tanto domésticos como industriais) e água e aplique diretamente na zona suja. Passe por água e estenda á sombra.

Banana
Quando recente, esfregue um pouco de querosene no local da mancha.

Manchas em sapato claros, ou em camurças, esfregue uma batata crua.

Mofo em roupas:
Manchas de mofo nos tecidos sai, fervendo a peça em uma solução de água e bicarbonato de sódio , na proporção de 2 colheres (chá) para 1 litro de água.
Outra dica:
Mancha de mofo em roupas coloridas
Derramar Brilhante Utile (alvejante pra roupas coloridas) diretamente sobre a mancha. Deixar agir. Colocar em uma panela um pouco de água, sabão em pó Ariel e bastante Brilhante Utile. Colocar a peça para ferver e ir mexendo e colocando mais brilhante diretamente sobre a mancha durante a fervura. Dá um pouco de trabalho, mas sai completamente.(cuidado com tecidos que desbotam ou não suportam altas temperaturas)
Colaboração Carla Paludo.

Manchas de tinta esferográfica
Em Tecidos:
Dica 1) use spray de cabelo.
Dica 2) Deixar durante várias horas dentro de leite, depois esfregar a mancha com vinagre ou limão ou ainda água sanitária diluída, mas com muito cuidado para não descolorir ou mesmo manchar o tecido.
Dica 3) Manchas de tinta de caneta. Aplique aguarrás, deixe por alguns minutos e lave normalmente.
Em Couro:
Colocar por alguns instantes uma esponja embebida em água morna com amoníaco. Depois esfregar com um pano macio e seco.
Se for um couro mais resistente você poderá utilizar éter esfregando com um pano o local da mancha.

Para tirar manchas de mofo no armário
Lave a superfície manchada com uma mistura em partes iguais de água e água sanitária. Lave depois com água pura em abundância e seque bem com pano limpo. Para manchas mais difíceis, coloque água sanitária pura em um retalhozinho de pano e esfregue bem. O restante do processo é igual. Este tipo de mancha aparece por má ventilação em locais quentes, úmidos e poucos iluminados. Não custa nada arejar o ambiente por precaução.(Cheiro de mofo no armário, veja em "Limpeza").

Manchas de álcool, elimine as lavando rapidamente com água fria.

Mancha de iodo
Ferva o tecido em leite de vaca, deixe esfriar e lave com sabão.

Mancha de anilina em tecido:
Prepare uma solução com 50 gramas de hidrosulfito de sódio para 1/2 litro de água quente. Estique a parte manchada sobre um recipiente e lentamente derrame a solução que deve ir atravessando o tecido. Após esta operação lave imediatamente com água e sabão. Caso contrário, o tecido estragará.
ou
Lave com água fria ou deixe de molho durante uma noite. Se mesmo assim elas não saírem, molhe-as com água quente misturada com detergente e esfregue-as vigorosamente, ou então passe-as com uma mistura feita com 2 g de água oxigenada e 40 g de álcool.

No soalho:
As nódoas de anilina sairão se as esfregar com um pano embebido em álcool a 90°.

Manchas de gordura nos tapetes saem colocando óxido de magnésio em pó. Deixe por algum tempo e depois escove ou passe aspirador.

Manchas de graxas saem com margarina vegetal. Coloque um

pouco sobre a sujeira e deixe por alguns minutos. Depois lave normalmente com água e sabão.

Manchas de café:
Lave com água morna e glicerina ou passe uma pedra de gelo sobre a mancha.
As manchas saem com uma mistura de bicarbonato de sódio e água.
Para tirar manchas de café antigas basta esfregar um pano umedecido com vinagre branco ou álcool.
Manchas de café em roupas de algodão branco: Umedeça com água oxigenada e logo em seguida lavar com sabão de pedra.

Manchas de batom, lave com benzina.

Manchas de ferrugem, use suco de limão e água morna.

Manchas de água em móveis, friccione com uma flanela embebida em óleo canforado.

Manchas de mel, coloque sobre a mancha uma solução de bicarbonato de sódio e água quente. Depois lave e enxágua com água fria.

Manchas de bolor:
Ponha um pouco de água oxigenada (10 vol.) e deixe quarar ao sol.

Manchas de banha, manteiga, graxa e cera:
Passe benzina ou éter. Depois polvilhe talco e lave com água quente e sabão.

Manchas de vinho tinto no tapete:
Remova com vinho branco ou use loção de barbear. A espuma é um bom removedor de manchas.

Manchas de chocolate:
1) Aperte sem esfregar a parte machada entre dois papéis absorventes. Os restos se retira com álcool fino de 90º.
2) Umedecer a mancha com glicerina e lavar em água morna. Sendo o chocolate

Manchas de cerveja:
Deixe cair sobre as manchas umas gotas de água oxigenada ou amoníaco. Depois lave normalmente.

Manchas de doces ou bebidas açucaradas:
Lave com água morna e um pouco de álcool.

Manchas de punho e golas:
Umedeça a gola e os punhos e esfregue sobre eles sabão de pedra. Deixe uns minutos e passe sobre o local, lixa de unhas. Enxágüe e logo lave todo o tecido.

Óleo no chão da garagem:
Para retirar as manchas de óleo do chão da garagem, faça o seguinte:
Deixe-as de molho por alguns minutos em solvente, coloque uns jornais e deixe secar.
Lave em seguida com uma solução de detergente, 1 xícara de água sanitária e água fria.
Repetir até ficar completamente limpo.

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A Química do Amor











Violência, miséria, injustiças. O que torna a vida tão bonita, tão desejada apesar disso tudo? Não há a menor dúvida: é o amor... Pela lente do amor as pessoas enxergam um mundo mais florido, repleto de possibilidades de dar certo. O amor é plenitude, é êxtase. Quando uma pessoa está amando ela se torna mais gentil, alegre, adquire um ar sonhador e vive rindo à toa. O problema é que se o amor não for bem administrado, ele pode levar a pessoa a atitudes "quase" ridículas.
É justamente isso que tem feito muita gente resistir aos seus encantos. Há até os que desprezam totalmente (provavelmente por medo de se expor). Acham tudo muito embaraçoso e indesejável.

Afinal, uma pessoa que se dá o respeito não pode viver pelos cantos suspirando por alguém que a faz gaguejar e ficar rubro quando está por perto. Isso sem contar os outros sintomas: mãos suando, coração palpitando, respiração pesada, olhar perdido (tipo "peixe morto"). Muito constrangedor!... Afinal o amor não tem nada a ver com Química, certo? Errado! O AMOR É QUÍMICA! Todos os sintomas descritos acima são causados por um fluxo de substâncias químicas fabricadas no corpo da pessoa apaixonada. Entre essas substâncias estão a feniletilamina, a epinefrina (adrenalina), a norepinefrina (noradrenalina), a dopamina, a oxitocina, a serotonina e as endorfinas. Achou que são muitos nomes? Mas sem eles você não se apaixonaria.
A ação de algumas delas é muito semelhante à ação dos narcóticos, o que explica de certa forma a oscilação entre sentimentos contraditórios como euforia e depressão, característica comum a drogados e apaixonados. A ciência ainda não sabe explicar o que desencadeia o processo químico da paixão.
Como acontece com toda anfetamina, porém, com o passar do tempo o organismo vai se acostumando e adquirindo resistência. Passa a necessitar de doses cada vez maiores para provocar o mesmo frenesí do início. Após três ou quatro anos o delírio que você sentia já se esvaeceu por completo. Neste estágio bye, bye...

Se suportarem a falta de emoções intensas e decidirem continuar juntos, o cérebro pasará a aumentar gradualmente a produção de endorfinas. As endorfinas atuam como calmante, são analgésicos naturais e proporcionam sentimentos de segurança, paz e tranquilidade. Quem diria, hein? A diferença entre uma paixão torrencial e um amor maduro é simplesmente uma questão de liberar a substância certa! A oxitocina também desempenha um papel importante em nossa vida amorosa. Trata-se de um hormônio produzido na hipófise (uma glândula situada no cérebro) cujas funções principais são: sensibilizar os nervos e simular contrações musculares (a secreção de oxitocina é o que leva ao clímax no ato sexual). Além disso, esse hormônio estimula as contrações uterinas da mulher durante parto, leva a liberação de leite e parece que induz as mães a acariciarem e cheirarem seus bebês.
E você nem sabia que a química é responsável por tudo isso? Acredite isso também pode acontecer com você.

Pelo menos assim você vai parar de fazer cara feia quando ouvir falar de química. Lembre-se sem ela você não sentiria sensações tão maravilhosas como essa. Leia mais sobre química, apaixone-se, dê essa chance ao seu coração, dê essa chance a sua vida, vale a pena!


Biocombustíveis


Biocombustível: O combustível do futuro


Depois de recuperar a confiança dos consumidores brasileiros, graças à multiplicação da frota com motores flexíveis, o etanol verde-amarelo testa seu potencial planetário. Com credencial de campeão mundial de competitividade e capaz de reduzir as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa, é a estrela da safra nacional de biocombustíveis que provoca respeito e temor no mundo.

Para o próximo ano, a projeção do consumo nacional de álcool ultrapassa a casa de 20 bilhões de litros. Em janeiro, torna-se obrigatória a adição de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo, fazendo circular 1 bilhão de litros ao ano. E a produção de H-Bio, o processo desenvolvido para melhorar o diesel tradicional, gerará um consumo de 425 milhões de litros ao ano.

Contando o ávido mercado externo, um mar de dezenas de bilhões de litros dos três tipos de biocombustíveis produzidos no país tornará mais verdes as ruas do planeta.

A nova onda irriga o mercado agrícola, alimenta novas indústrias e ajuda a transformar a matriz energética dos veículos. No ano passado, 13% dos motores eram abastecidos por fontes renováveis - exclusivamente álcool. Até 2020, a estimativa é de que esse percentual quase dobre, alcançando 24%. Para atingir a meta de substituir ao menos 5% do consumo mundial de gasolina por etanol brasileiro até 2025, estudos apontam a necessidade de investimentos anuais de R$ 10 bilhões.

Determinado a enfrentar as pressões internacionais, o Brasil se candidata a assumir na produção dos biocombustíveis um papel tão relevante como o do Oriente Médio na produção de petróleo. Apesar das faíscas de reação que surgem diante do avanço dos planos brasileiros, o apetite dos investidores demonstra que o caminho está aberto e pode ajudar na esperada aceleração do crescimento do país.

Aquecimento Global


Frear aquecimento global e evitar caos climático é possível, diz relatório da ONU

Há tecnologia e dinheiro para limitar o aquecimento, mas é preciso agir imediatamente.
Adoção de biocombustíveis e fontes de energia renováveis são alternativas.

Cientistas e autoridades de mais de 100 países concluíram nesta sexta-feira (4) que lutar contra o aquecimento global é possível financeiramente e que a tecnologia disponível é suficiente para diminuir as emissões de gases poluentes. Com medidas rápidas e enérgicas seria possível evitar o caos climático no futuro.

As informações foram divulgadas no relatório final do Painel Intergovernamental para Mudança Climática (IPCC), organizado pela ONU buscar, após reunião em Bangcoc, Tailândia. Especialistas em clima e representantes de diferentes países estavam reunidos desde segunda-feira (30) discutindo sobre o tema. Foi o terceiro relatório elaborado em 2007.

Segundo as estimativas do relatório, o custo de manter o aquecimento sob controle (ou seja, dentro de uma margem de 2 graus Celsius) ficaria ao redor de 0,12% do PIB (Produto Interno Bruto) das nações.

O documento servirá como um ‘manual’ para os governantes e aborda formas de evitar o aumento da emissão de gases que causam o aquecimento global, particularmente o dióxido de carbono (CO2) liberado pela queima de combustíveis fósseis e florestas. Revê as últimas descobertas científicas sobre custos e formas para frear as emissões e ainda afirma que as atuais políticas ambientais são inadequadas.

As delegações dos diferentes países chegaram a um consenso de que o mundo tem tecnologia e dinheiro para limitar o aquecimento global, mas deve agir imediatamente. A adoção de biocombustíveis e fontes de energia renováveis, além de melhor aproveitamento energético, entre outras medidas, podem reduzir o impacto do desastre mundial. Há uma variedade tecnológica já disponível para conter as mudanças climáticas com um custo razoável até mesmo para os países responsáveis pelos maiores danos à natureza.

“Os esforços para a atenuação do aquecimento global e para a diminuição da poluição nos próximos 20 ou 30 anos terão um grande impacto sobre as possibilidades de alcançarmos os níveis mais baixos para a estabilização das emissões de gases que provocam o efeito estufa”, afirma a conclusão do IPCC.

O texto também contempla a energia nuclear, a solar e a eólica, além das práticas para a captação e o armazenamento de CO2 emitido. Mudanças na forma de plantio de algumas culturas e no tratamento de rebanhos ainda podem diminuir emissões de gás metano, que também causa efeito estufa. Em alguns casos, as tecnologias proporcionarão grandes benefícios, inclusive menores gastos com saúde por causa da diminuição da poluição.

“Existiam algumas pendências em relação à questão nuclear, mas finalmente chegamos a um acordo sobre isso”, afirmou Andres Flores Montallo, da delegação Mexicana.

Participando da conferência apenas como observador, Jacques Selliers, diretor de uma organização não-governamental, concorda que o balanço final foi positivo. “Algumas partes foram mais difíceis, alguns trechos do documento foram eliminados, mas acredito que no geral o relatório manteve sua essência científica e permanece muito bom”, disse.

Resistência

A União Européia e a China buscardiscutiram sobre os custos e a quantidade permitida para emissões de gases que causam o efeito estufa.

Saiba mais

Segundo maior poluidor do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos buscar, a China foi um dos países que mais resistiram à recomendação de reduzir a concentração de partículas de CO2, juntamente com a Índia. O nível atual é de 430 partículas de CO2 por milhão, de acordo com os especialistas, e o objetivo é manter em 445 partículas de CO2 por milhão em 2030.

“Com as atuais práticas, as emissões vão continuar a crescer nas próximas décadas”, afirmou um participante do encontro.

A delegação chinesa reclamou que os custos regionais para frear as emissões diferem muito das médias mundiais. Outro representante afirmou que o objetivo não é realista, dado o aumento das emissões de países em desenvolvimento.

A União
Européia pretende seguir o limite máximo permitido para atingir a meta de um aumento de apenas 2ºC na temperatura global, um nível que, se ultrapassado, seria o ponto de partida para perigosas mudanças no sistema climático mundial.

Recomendações para uma boa aprendizagem


  1. Procure não estudar vários assuntos de uma só vez: isso é extremamente prejudicial, atuando negativamente na sua linha de raciocínio.

  1. Escolha um local adequado para seus estudos. Quer em casa ou no seu ambiente de trabalho, esse local deve ser bem iluminado e isento de ruídos que possam atrapalhar a sua aprendizagem.

  1. Não estude por horas a fio. Procure reservar três a quatro horas diárias (média recomendada) às suas atividades estudantis.

  1. Faça com que seus estudos tornem-se um hábito e uma obrigação diária. Não deixe que nada interfira nesse hábito salutar e necessário a você que almeja concluir seus estudos com brilhantismo.

  1. Não seja apressado nos estudos. Cada assunto não deve ser apenas lido. Ele deve ser entendido e assimilado. Assim, cada assunto apresentado deve ser primeiramente lido na sua íntegra. Após isso, releia-o enfocando os pontos principais; destaque-os fazendo anotações numa folha em separado. Essa técnica de estudo é recomendável, pois fará com que você memorize e aprenda com maior facilidade.

  1. Mantenha seus materiais de estudo (apostilas, anotações, resumos, livros) bem ordenados, de forma que qualquer consulta possa ser feita com rapidez.

  1. Nunca estude naqueles momentos em que suas condições orgânicas forem desfavoráveis. Sono e cansaço, por exemplo, são fatores que contribuem para que o rendimento escolar seja negativo. Opte pelos períodos em que você, organicamente, esteja idealmente predisposto aos estudos.

  1. Não esmoreça e estude com muito afinco. Lembre-se que sua aprendizagem depende única e exclusivamente de você, sua boa vontade e perseverança.

  1. Não guarde dúvidas. Sempre há alguém a consultar, seja um colega, um professor, ou seu professor de reforço.

Não falte as aulas por qualquer motivo. Tudo atrasa com uma falta, principalmente o seu rendimento.

Monóxido de carbono


Itália, março de 1944. Um trem enguiçado dentro do túnel Armi resultou em mais de 500 mortos. Em questão de minutos todos perderam os sentidos e morreram. O que teria acontecido?

Enquanto os carros geralmente queimam gasolina, esse trem italiano queimava carvão (C + O2 → CO2). Até aí, nada de mais. Acontece que nenhuma queima é ideal. Uma parte é sempre incompleta, isto é, utiliza menos oxigênio (O2) do que deveria. Resultado: formação de fuligem e monóxido de carbono (CO) no lugar do CO2. Por ser incolor e inodoro, o CO não avisa que está chegando. Sonolência, tonturas... Morte! O problema é que esse gás se combina com a hemoglobina do sangue no lugar do O2. Sem absorver O2 a pessoa morre. Como a ligação entre o CO e o ferro (da hemoglobina do sangue) é muito mais estável que a ligação O2 - Fe, baixíssimas concentrações do veneno podem ser letais. Foi o que aconteceu no túnel Italiano e pode acontecer em qualquer outro.

É fácil reconhecer uma vítima dessa intoxicação. Sua pele fica rosada, já que essa é a cor da substância Hb-CO. O tratamento é simples: exposição da vítima ao ar fresco ou, melhor ainda, O2 puro. Lentamente, o O2 vai recuperando o seu lugar e expulsa o CO.

E por falar em CO, vale lembrar que seu “primo”: o íon cianeto (CN)- . Eles apresentam o mesmo número de elétrons (28) e, por isso, são quimicamente semelhantes. O CN- também mata. Durante a Segunda Guerra Mundial, o gás HCN que apresenta um suave cheiro de amêndoas, foi utilizado pelos nazistas nas câmaras de gás. Sua produção é , infelizmente, bem simples: basta adicionar umas pastilhas de cianeto de sódio em ácido sulfúrico: NaCN(s) + H2SO4(aq) → HCN(g) + NaHSO4(aq)

E não é assustador saber que podemos encontrar o CN- nas sementes de algumas frutas, como cereja e pêssego? Calma, preso na amidalina (substância presente nessas sementes), ele não é perigoso. Só quando elas são esmagadas é que pode haver liberação de um pouquinho de HCN. Na Antigüidade, os romanos já sabiam disso, e era assim que preparavam os seus venenos.

Antídoto? Claro que há! Altas dosagens de um outro íon: o tiossulfato (S2O3)2-.

Forense Balística


Introdução

Todos os dias, ao ligar a televisão e sintonizar no noticiário, assiste-se algo mais ou menos assim: “João e José tentaram assaltar um banco e, na fuga, ambos atiraram com armas de fogo contra os policiais. Um dos tiros acabou atingindo o policial Antônio, que não resistiu e acabou falecendo logo em seguida. Os assaltantes foram capturados e levados à delegacia, mas nenhum deles assumiu a autoria do disparo que ocasionou a morte do policial”.Como saber qual dos dois suspeitos realmente é o culpado pela morte de Antônio, já que ambos estavam armados? Talvez a ciência forense possa nos auxiliar em uma resposta.

Em filmes e séries de televisão sobre investigação criminal, a situação de traba-lho é ideal: há sempre uma solução para os casos; os equipamentos são os melhores e sempre estão disponíveis; há poucos casos, dentre outros idealismos que a ficção propi-cia. Na prática, as coisas não funcionam tão bem assim. Só para citar um aspecto, se-gundo o levantamento realizado pela Associação Brasileira de Criminalística, em abril de 2003, o estado que possui mais carência de peritos é o Ceará. Na época da pesquisa, havia 23 peritos, sendo que o número mínimo recomendando para que haja uma rela-ção de 1/5.000 perito/habilitantes seria de 1.486. O melhor estado em números de pe-ritos é o Distrito Federal, que possui 201, mas o recomendado seria 410.

Este artigo tratará de algumas técnicas balísticas utilizadas pelos peritos, as quais ajudam nas investigações de crimes cometidos com arma de fogo. Apesar de nem todas serem realmente utilizadas, pelo menos aqui no Brasil ou em alguns estados mais deficitários, é sempre bom saber que elas existem e que fazem parte, a cada dia de for-ma mais intensa, da rotina dos cientistas forenses de todo o mundo. Boa leitura!

A arma de fogo

O termo ‘arma’ refere-se a todo objeto que possui a característica de aumentar a capacidade de ataque ou defesa. Determinados objetos são produzidos com este fim, sendo denominados ‘armas próprias’. Outros, como foice, machado, por exemplo, po-dem ser usados como arma. Estas são chamas de ‘armas impróprias’.

As ‘armas próprias’ classificam-se em manuais e de arremesso. As manuais fun-cionam como uma espécie de prolongamento do braço, como a espada, punhal e a mai-oria das ‘armas brancas’ (constituídas por lâmina metálica). Já as de arremesso são as que produzem efeitos à distância de quem as utilizam. É aqui que se classifica a arma de fogo. São de interesse da balística forense as armas perfuro-contundentes, ou seja, as que causam, ao mesmo tempo, perfuração e ruptura de tecido, com ou sem lacera-ção e esmagamento dos mesmos.

Uma pesquisa realizada na década de 90 concluiu que, do total de mortes do período, no Brasil, cerca de 33 % foram em decorrência de homicídios. As armas de fogo contribuíram em 50 % destes casos já em 1991, e em 70 % no ano 2000. Este crescimento, conforme indicaram os dados da pesquisa, ocorreu em ambos os grupos de sexo e em todas as capitais do país. Talvez seja por isto que a balística assume grande importância dentro da ciência forense. As técnicas de caracterização de armas e projéteis evoluem junto com a ciência. A seguir iremos ver algumas técnicas que estão sendo utilizadas pelos peritos forenses. Antes disso, vamos saber mais sobre o fenômeno do tiro.

CHEMELLO, E. Química Virtual, fevereiro (2007) Página 1

Ciência Forense: balística

CHEMELLO, E. Química Virtual, fevereiro (2007) Página 2

Mecanismo de disparo

A arma de fogo é, em essência, uma máquina térmica. Sua utilização independe da força física (excetuando a força relacionada com o pressionamento do gatilho) e, co-mo não poderia deixar de ser, baseia-se nos princípios da termodinâmica. A arma é constituída pelo aparelho arremessador ou arma propriamente dita, a carga de projeção (pólvora1) e o projétil2, sendo que estes dois últimos integram, na maioria dos casos, o cartucho.

Na Figura 1 temos um esquema que mostra as principais partes que constituem um cartucho. Aqui não se fará uma análise dos vários tipos, mas de um esquema pa-drão, no qual as partes estão presentes na maioria dos cartuchos.

Figura 1 – Esquema geral de composição interna de um cartucho. [adaptado da Revista Perícia Fede-ral, Set/Out 2003]

O cartucho observado de fora parece grande. Contudo, uma pequena parte, o projétil, é que irá ser expelido pela arma após o disparo. A força com que este é projeta-do para fora do cano depende da combustão da pólvora. Esta gera gases, os quais, com a elevação da temperatura interna (podendo chegar aos 2500 °C) aumentam o volume e a pressão no interior da arma, fazendo com que o projétil seja ‘empurrado’, violenta-mente.

Antes que ocorra a combustão da pólvora, é necessário uma ‘chama iniciadora’, a qual é proveniente da espoleta. Ela contém uma pequena quantidade de explosivo3

1 A pólvora mais antiga, mas que ainda hoje é utilizada em alguns tipos de cartucho, é a Pólvora Negra. Ela é constituída por 75 % de salitre (nitrato de potássio), 13 % de carvão vegetal e 12 % de enxofre. O salitre atua como comburente, fornecendo oxigênio, já o carvão e o enxofre como combustível. A partir de 1845, surgiram as denominadas Pólvoras Químicas, tendo como ingrediente ativo a nitrocelulose. A Companhia Brasileira de Cartuchos – CBC –, em 1987, começou a produzir em escala industrial a sua própria pólvora. Para cartuchos calibre 38 SPL, por exemplo, é usada a pólvora CBC 216, a qual é constituída por 97 % de nitrocelulose, 1,5 % de difenilamina, 1,0 % de sulfato de potássio e 0,2 % de grafite.

2 Até 1986 a CBC produzia os projéteis com chumbo puro. A partir desta data, todos os projeteis CBC foram produzidos com uma liga de chumbo, composta em grande parte por chumbo e um elemento endurecedor, o antimônio, na porcentagem de 1 a 2,5 %. A expressão popular ‘levar chumbo’, portanto, deve ser revista.

3 A CBC usa, atualmente, em seus cartuchos, misturas iniciadoras à base de estifinato de chumbo [PbO2H(NO2)3], nitrato de bário, trissulfeto de antimônio, tetrazeno e alumínio. Quando o percutor deforma a cápsula de espoletamento, a mistura iniciadora nela contida é comprimida contra a bigorna, quebrando os cristais de estifinato de chumbo e tetrazeno. Inicia-se assim uma chama cujo combustível é o nitrato de bário e o oxidante é o trissulfeto de antimônio. A presença do alumínio gera uma maior vivacidade na chama. Este pode ou não estar presente na composição da mistura iniciadora, dependendo do tipo de cartucho. A partir de 1998 a CBC lançou os cartuchos denominados de clean range, cuja mistura iniciadora da espoleta não possui chumbo, bário e antinônio. Esta mistura é composta por diazol, nitrato de estrôncio, pólvora e tetrazeno.

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sensível a choque mecânico. O estojo, geralmente constituído por latão 70:30 (70% de cobre e 30 % de zinco), trata-se da cápsula que contém o projétil na ponta, a pólvora dentro e a espoleta na base.

Também de forma esquemática, na Figura 2 temos os estágios que existem em um disparo. Lembro novamente ao leitor que não se deseja realizar neste artigo um es-tudo detalhado do processo, mas uma análise dos aspectos principais. Por isto, partes da arma bem como alguns mecanismos secundários não serão mencionados.

Figura 2 – Fenômeno do tiro. Em (a) temos a arma em seu estágio pré-tiro. Observe o distanciamento entre o cão e o percutor. Em (b) temos o primeiro estágio do disparo, onde o cão movimenta-se, geralmente via ação mecânica, empurrando o percutor contra a base do cartucho, ação que dá inicio à explosão da mistura inicia-dora, a qual promove a combustão da pólvora. Já em (c) temos a representação do aumento da pressão inter-na (representada pelas setas) que fazem com que o projétil seja expelido para fora da arma, através do cano. [adaptado da Revista Perícia Federal, Set/Out 2003]

Ao ser acionado o mecanismo de disparo, geralmente através de força mecânica pelo pressionamento do gatilho, a ponta do percutor deforma a espoleta, comprimindo a mistura iniciadora. Esta, ao sofrer o impacto, produz chamas de alto poder calorífico que passam por orifícios existentes no fundo do alojamento da espoleta e dão início à combustão dos grãos de pólvora.

A combustão da pólvora gera, em um curtíssimo espaço de tempo, um volume de gases considerável. A pressão destes impele o projétil através do cano da arma, que é a única saída possível. A expansão dos gases vai também atuar sobre a parte interna da arma, projetando-a para trás, fenômeno conhecido como o ‘soco da arma’.

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Confronto microbalístico

Conforme vimos anteriormente, ao observamos com mais detalhe o mecanismo de disparo de uma arma de fogo, o projétil é expelido pelo cano e sai na direção do alvo. Este projétil, por estar em contato direto com a superfície interna do cano, passa a in-corporar marcas e micro-estriamentos em sua superfície (veja Figura 3).

Figura 3 – À esquerda da linha preta, a bala em questão e à direita da mesma linha o padrão de marcas ob-servado nos testes com a arma de fogo. As setas indicam as marcas que coincidem, o que confirma que os projéteis foram expelidos pela mesma arma. [fonte: Revista Perícia Federal, Set/Out 2003]

Mesmo que a arma seja do tipo ‘lisa’, sem raias, não importa o quanto liso seja o cano, sempre haverá minúsculas imperfeições, diferenças de densidade e dureza do aço - dentre outros aspectos - que darão um caráter único às marcas existentes nos projé-teis expelidos por uma arma de fogo.

Lembra da história do policial Antônio, na introdução deste artigo? Pois os testes que veremos a seguir podem ser utilizados para desvendarmos o caso. Como ligar a ar-ma de fogo ao crime? Uma alternativa é uma técnica utilizada pelos peritos chamada de Confronto Microbalístico. Obtém-se, no caso, o projétil alojado internamente na vítima. Após, faz-se testes com a(s) arma(s) de fogo suspeita(s), disparando-a(s) em tanques de água, por exemplo, a fim de obter o projétil sem deformações, a não ser as inerentes ao contato com as raias ou superfície interna do cano. Após, com a ajuda de um microscó-pio óptico, observa-se as micro-estrias dos dois projéteis (o retirado da vítima e o produ-zido no tanque de água) e, através desta observação, pode-se ligar ou não a arma ao crime.

O confronto microbalístico não se restringe apenas aos projéteis. Se houver cáp-sulas de cartuchos deflagradas na cena do crime, é possível analisar as marcas do per-cutor e as ranhuras produzidas na culatra (veja a Figura 4).

Figura 4 – Cápsulas de munição percutidas pela mesma arma. Em destaque as marcas promovidas pelo percutor e pela culatra [fonte: Revista Perícia Federal, Set/Out 2003]

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O Confronto Microbalístico é, portanto, a comparação das marcas e micro-estriamentos deixados pelos canos, percutores e culatras nos projéteis e nas cápsulas visando identificar a arma de fogo que os tenha deflagrado. A análise pode ser genérica ou específica. A genérica permite que se tenha uma identificação do fabricante da arma, modelo, tipo de munição, etc. Já uma análise específica pode constatar se um projétil foi ou não expelido pela arma em questão. Seria como uma análise de impressão digital, onde cada arma produz um conjunto de micro-estrias único.

Resíduos de arma de fogo

No momento do tiro são expelidos, além do projétil, diversos resíduos sólidos (provenientes do projétil, da detonação da mistura iniciadora e da pólvora) e produtos gasosos (monóxido e dióxido de carbono, vapor d’água, óxidos de nitrogênio e outros), conforme ilustra a Figura 5.

Figura 5 - A nuvem de fumaça criada durante a descarga de uma arma de fogo deixa resíduos nos objetos próximos. [fonte: JOHLL, 2006]

Também integram a parte sólida dos resíduos partículas constituídas pelos ele-mentos antimônio (Sb), bário (Ba) e chumbo (Pb), provenientes de explosivos como sais de chumbo, bário e antimônio, além da composição da liga de projéteis e cartuchos.

Parte desses resíduos sólidos permanecem dentro do cano, ao redor do tambor e da câmara de percussão da própria arma. Porém, o restante é projetado para fora, atin-gindo mãos, braços, cabelos e roupas do atirador, além de se espalharem pela cena do crime.

Dependendo do tipo de resíduo, a constatação pode ser física, com o auxílio de uma lupa. Se não for possível realizá-la, pode-se usar o exame químico. Os nitritos, que também são produzidos em disparos, podem ser detectados com o reativo de Griess (á-cido parasulfanílico). Contudo, vale lembrar que os nitritos sofrem oxidação pelo oxigê-nio do ar, passando gradualmente a nitratos ou volatilizando-se como ácido nitroso. Por isto, o exame deve ser feito o mais breve possível após o suposto disparo. Além disto, o reativo de Griess é usado para identificar a presença de nitritos de qualquer origem, não sendo, portanto, reativo específico para nitritos oriundos de disparo por arma de fogo.

Um resultado negativo desse teste não significa que a arma suspeita não tenha produzido tiro, visto a transformação relativamente rápida de nitritos em nitratos. Já uma constatação positiva não garante, necessariamente, que tais nitritos sejam oriun-dos de um disparo. Por isto, a verificação com reativo de Griess não está sendo mais utilizado pelos peritos forenses. Eles alegam pouca confiabilidade como prova pericial, em decorrência de diversos fatores que interferem em seu resultado. Um exame que ge-ra mais dúvidas que as já inerentes à investigação, certamente, dificultaria ainda mais os trabalhos dos peritos.

Outro teste químico é o que permite a detecção de chumbo pelo rodizonato de sódio como reagente colorimétrico. O complexo azul-violeta, resultante da reação do ro-dizonato de sódio com o chumbo, pode ser estabilizado pela adição de uma solução tampão. Contudo, o desvanecimento comum de complexos colorimétricos ocorrerá como conseqüência de um contato prolongado com o meio ácido, proporcionado pelos 5% de ácido clorídrico necessários à própria reação colorimétrica. Isto implicará na decompo-sição do complexo azul-violeta em compostos incolores, podendo-se perder resultados

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positivos. Testes colorimétricos muitas vezes não possuem sensibilidade para detectar antimônio e bário de forma confiável, principalmente devido à pequena quantidade de resíduos presentes (na ordem de mg) nas mãos de um atirador, bem como às suas di-mensões (0,1 a 100 μm), o que pode limitar a detecção e identificação das partículas.

Um método confiável de análise de partículas residuais de tiros, segundo Sara Lenharo, perita criminal federal, deve ser capaz de determinar a presença de chumbo, bário e antimônio, além da análise morfológica da partícula. A presença de dois dos três elementos citados não pode ser associada, de forma categórica, aos resíduos de arma de fogo, mas apenas ser um indicativo de disparo, não uma prova cabal.

Para se ter uma idéia de como a vida e os hábitos do suspeito devem ser levados em consideração, o chumbo pode aparecer associado ao bromo em partículas proveni-entes de automóveis e ao antimônio nas placas de baterias e em algumas soldas. Partí-culas somente de chumbo podem estar vinculadas à profissão do suspeito, como mecâ-nico, pintor, laboratorista, soldador, etc. O bário é encontrado em produtos de maquia-gem, e em alguns tipos de papel, além de detergentes. O antimônio é usado em muitas fibras, como as de poliéster.

Basicamente, os resíduos de tiro são formados em condições específicas de tem-peratura e pressão durante o disparo, permitindo vaporização e rápida condensação de elementos oriundos principalmente da espoleta (Pb, Ba, Sb) em partículas com formato esférico e diâmetro variando entre 1-10 μm. Esta variação depende do tipo de arma em-pregada para efetuar o disparo (revólveres produzem mais partículas esféricas do que pistolas) e do calibre (quanto maior o calibre, maior o tamanho médio das partículas). A composição também pode variar, dependendo dos explosivos da espoleta.

A ciência progride no afã de promover respostas mais confiáveis. Neste sentido, técnicas como a Microscopia Eletrônica de Varredura acoplada a Espectroscopia por Dispersão de Energia vêem sendo utilizadas em todos os grandes laboratórios forenses do mundo na identificação de partículas oriundas de resíduos de tiro.

Microscopia eletrônica de varredura

Os detetives, ao investigarem se um determinado suspeito efetuou tiros com ar-ma de fogo ou não, geralmente levam vários pequenos cilindros de metal chamados de ‘stabs’ (veja Figura 6) que contém um adesivo, o qual é esfregado principalmente na pe-le do suspeito, em pontos específicos como a palma e dorso da mão. Resíduos de dispa-ros de arma de fogo (doravante GSR, do inglês gunshot residue), se presentes, irão ade-rir ao adesivo. O cilindro então é colocado no Microscópio Eletrônico de Varredura (SEM, do inglês Scanning Electron Microscope) e a superfície do adesivo é varrida por um feixe de elétrons.

Figura 6 – Kit GSR.

O SEM funciona basicamente como um microscópio óptico (MO). A diferença é que um MO depende dos fótons para formar uma imagem. Já o SEM depende dos elé-trons emitidos pela superfície dos possíveis resíduos que constituem amostra analisada. Apesar de muito empregado na ciência, o MO tem seu uso limitado pelo comprimento de onda da luz visível. Utilizando-se luz com o comprimento de onda de 550 nm, por e-xemplo, dificilmente será possível distinguir entre objetos que estejam afastados por 0,005 mm. A descoberta de que os elétrons têm também um comportamento ondulató-rio levou ao desenvolvimento do microscópio eletrônico (veja Figura 7), com um grau muito maior de resolução do que o óptico. Usando elétrons, por exemplo, com compri-

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mento de onda de 6,06.10-3 nm, os microscópios eletrônicos, dependendo do tipo, po-dem gerar imagens com resolução da ordem de 5 nm.

Figura 7 – Exemplo de um microscópio eletrônico de varredura [fonte: QuantaTM – FEI Company – www.fei.com]

O equipamento é constituído basicamente por uma coluna (canhão de elétrons, sistema de demagnificação), uma unidade de varredura, uma câmara de amostra, um sistema de detectores e um de visualização da imagem. O canhão de elétrons é usado para gerar um feixe de elétrons com energia e quantidade suficiente para ser captado pelos detectores. Este feixe eletrônico é então demagnificado por várias lentes eletro-magnéticas, cuja finalidade é produzir um feixe de pequeno diâmetro e focalizá-lo em uma região específica da superfície analisada.

A energia perdida pelos elétrons ao atravessar a amostra é liberada de diferentes formas, dependendo do tipo de interação entre o elétron primário (proveniente do equi-pamento) e os átomos da mesma. Cada um dos sinais gerados (elétrons secundários, re-troespalhados, fótons, raios-X, elétrons Auger, etc.) requer um detector específico para sua captação. Para análises forenses, os três principais sinais utilizados são os elétrons secundários, elétrons retroespalhados e os raios-X. A formação de raios-X a partir da incidência de elétrons na superfície do adesivo está ilustrada no esquema presente na Figura 8. Vale lembrar que se trata de uma representação simplificada do sistema atô-mico, mas que serve para melhor compreender o fenômeno.

Figura 8 - Princípio de formação de raios-X a partir da interação dos elétrons primários com os átomos da amostra. Optou-se pelo modelo planetário de átomo para a melhor compreensão do fenômeno [fonte:JOHLL, 2006].

Na Figura 8, em (a) temos a representação do elétron proveniente do canhão do microscópio incidindo sobre um átomo da amostra. Em (b) temos o fenômeno em que elétrons, com energia suficiente, arrancam outros existentes nas camadas mais inter-nas da eletrosfera dos átomos do resíduo. Os elétrons mais afastados do núcleo, então, passam a ocupar a lacuna gerada pelo elétron do microscópio, a fim de recuperar a es-

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tabilidade atômica. Esta transição emite radiação com comprimento de onda na faixa dos raios-X.

Da mesma forma que os espectros de emissão são como uma impressão digital de um elemento, a radiação de raios-X emitida também é característica, pois cada tran-sição eletrônica nos elementos é diferente. Assim, através da observação do espectro, é possível fazer uma análise tanto qualitativamente como quantitativamente. Para isto, a técnica de Espectroscopia de Dispersão de Energia (EDS, do inglês Energy Dispersive Spectroscopy) é acoplada ao SEM. Um espectro de EDS de uma amostra de GSR pode ser visto na Figura 9.

Figura 9 – Espectro de EDS de uma partícula encontrada em uma amostra de um barril de uma pistola Pietro Beretta cal. 7.65 mm, depois de atirar com um cartucho Giulio Fiocchi Lecco [fonte: ROMOLO, 1999]

Os elétrons secundários fornecem imagem de topografia da superfície das partí-culas existentes e são os responsáveis pela obtenção das imagens de alta resolução (ve-ja Figura 10). Já os retroespalhados permitem a análise de variação de composição ou contraste de número atômico.

Figura 10 – Imagem de elétrons secundários de um resíduo de arma de fogo [fonte: Turk J. Chem, 1999].

Uma das lacunas da balística forense, a qual infelizmente não é mostrada na fic-ção, é a determinação do tempo em que o disparo foi realizado. Segundo Ludwig Niewöhner, chefe da Seção de Resíduos de Tiro da BKA (Bundeskriminalamt) – a polícia Federal Alemã – “... nós podemos encontrar uma partícula de resíduo de disparo de ar-ma de fogo micrométrica, mas nós não podemos dizer se ela estava lá há dois anos a-trás ou há uma hora atrás.” Não obstante, Ludwig alerta para alguns estudos recentes que buscam realizar estimativas do tempo que o disparo foi efetuado.

Além disso, os problemas que podem afetar a análise, como metodologia de cole-ta dos resíduos e tamanho da área a ser analisada, estão sendo gradativamente resolvi-dos ou minimizados, utilizando kits de coleta específicos para SEM e programas de computador que permitem a busca e análise automatizada de partículas, segundo pa-râmetros definidos pelo operador.

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Agradecimento

Agradeço ao químico e amigo Leandro Maranghetti Lourenço pelas referências bibliográficas conseguidas junto às instituições com acesso permitido e minha namora-da, Lílian Morás, pelas revisões textuais.

Sobre o autor

Emiliano Chemello é licenciado em Química pela Universidade de Caxias do Sul e professor do Ensino Médio na região da Serra Gaúcha.

website: http://www.quimica.net/emilianowebsite: emiliano

e-mail: chemelloe@yahoo.com.br

MSN: chemelloe@hotmail.com