domingo, 8 de novembro de 2009

Muro de Berlim - 20 anos depois



Queda do muro foi ato final da Guerra Fria



O portão de Brandenburgo, na linha divisória entre as duas Alemanhas, foi tomado pela população
Há 20 anos, a queda do Muro de Berlim (1961-1989) abriu caminho para a reunificação da Alemanha, acelerou o fim dos regimes comunistas no Leste Europeu, colocou um ponto final na Guerra Fria (1945-1989) e foi um dos fatores que contribuíram para o surgimento do mundo globalizado.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Durante 28 anos, o muro foi o maior símbolo da divisão do planeta em dois blocos, o capitalista e o socialista. A disputa entre os Estados Unidos e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) envolveu quase todo o mundo em guerras, golpes de Estado, corrida armamentista e ameaças de conflito nuclear.

Por fim, o colapso dos regimes comunistas abriu espaço para reformas e protestos populares. O ápice desse processo foi a derrubada do Muro de Berlim na noite de 9 de novembro de 1989. Os próprios berlinenses ajudaram a demolir a construção, que representava a opressão dos governos totalitários do século 20.

Cortina de Ferro
Tudo começou no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A Alemanha foi dividida em duas zonas políticas, econômicas e ideológicas distintas. Em 1949, as áreas controladas pelos Aliados (Estados Unidos, França e Reino Unido) formaram a República Federal da Alemanha, ou Alemanha Ocidental. No outro lado, sob domínio da URSS, foi instaurada a República Democrática da Alemanha (RDA), a Alemanha Oriental. A capital, Berlim, também foi separada em Ocidental e Oriental.

Mas enquanto a Alemanha Ocidental progredia com a economia capitalista, o regime estatal da RDA dependia de empréstimos da vizinha para subsidiar serviços públicos e manter o setor industrial. Para os alemães orientais, a escassez de produtos básicos era tão comum quanto a falta de liberdades políticas e individuais. Por isso, eles fugiam para o lado ocidental, em busca de melhores oportunidades.

O muro surgiu em 13 de agosto de 1961, por determinação do líder soviético Nikita Kruschev (1953-1964), como uma solução para as constantes escapadas de alemães, fato que ameaçava desestabilizar a RDA. Em média, mil refugiados por dia atravessavam a fronteira, que de início era composta apenas por fios de arames farpados e sem vigilância armada.

Com o fechamento das fronteiras, a Alemanha Oriental, com seus 17 milhões de habitantes, virou uma verdadeira prisão. O muro tinha 3,60 metros de altura e 155 quilômetros de extensão. Guardas de fronteiras armados e com cães patrulhavam a edificação. Havia 302 torres de vigília, minas, fosso e casamatas com metralhadoras para impedir a aproximação de eventuais "turistas".

Os guardas tinham ordens para atirar e matar qualquer pessoa que se arriscasse a romper a barreira. Pelo menos 192 foram mortos ao tentar pular o muro. Mil morreram na tentativa de atravessar outros pontos da fronteira. O muro também cortou redes de transportes, comunicação e esgotos. Famílias inteiras ficaram separadas por 28 anos, sem terem o direito a viajar para se reencontrarem.

Para os comunistas, o projeto funcionou bem: enquanto 2,5 milhões de alemães orientais fugiram de 1949 a 1962, apenas 5 mil deixaram o país entre 1962 e 1989. Isolados no bloco oriental, os alemães eram vigiados pela polícia secreta, a Stasi, que coagia e subornava as pessoas para delatarem parentes e amigos acusados de subversão (como mostra o filme A vida dos outros, indicado abaixo). Para os europeus que cresceram à sombra do Muro de Berlim, não havia esperanças de que a situação mudasse.

Gorbatchev
A ruína da economia e o consequente desgaste político do império socialista, no entanto, mudaram o cenário no final dos anos 1980. Nesse contexto, dois fatores foram preponderantes para a queda do muro: a ascensão do líder soviético Mikhail Gorbatchev (1985-1991), em 1985, e as reformas políticas na Hungria e na Polônia.

Quando chegou ao poder, Gorbatchev viu que o regime não tinha mais condições de arcar com os altos custos da Guerra Fria. Os gastos militares consumiam as riquezas do país, cujas indústrias estavam tecnologicamente defasadas, e os bens de consumo eram inacessíveis à maior parte do povo.

A única saída era a abertura, que ficou conhecida por dois nomes: a glasnost (transparência), de âmbito político, e a perestroika (reestruturação), na esfera econômica. O conjunto de medidas levaria, em 1991, à dissolução da URSS.

Gorbatchev também se aproximou de líderes da Europa Ocidental e dos Estados Unidos. Entretanto, mais importante que a diplomacia externa foi a postura em relação aos países que viviam sob influência política e militar de Moscou. Eles teriam, dali por diante, que escolher as próprias trilhas para sair do labirinto a que o socialismo os conduzira.

A posição do Kremlim foi decisiva para as mudanças, uma vez que todas as revoltas anteriores contra os Estados comunistas - Berlim (1953), Budapeste (1956), Praga (1968) e Varsóvia (1981) - foram esmagadas com ajuda das tropas soviéticas. Com o Exército Vermelho fora do jogo, a história seria diferente.

Eleições
O primeiro movimento em direção à abertura aconteceu na Polônia. Naquele final dos anos 1980 o país estava em crise, com inflação crescente e um terço da população vivendo na pobreza.

Para o governo, a saída encontrada foi negociar com o partido de oposição, o Solidariedade, que depois de sete anos na ilegalidade seria autorizado a participar de eleições parlamentares.

O fundador do Solidariedade, Lech Walesa, ganhador do prêmio Nobel da Paz em 1983, tinha apoio e financiamento dos Estados Unidos e da Igreja Católica. Ele assinou um acordo com seu antigo algoz, o líder comunista Wojciech Jaruzelski, para viabilizar as eleições históricas de 6 de fevereiro de 1988, o primeiro pleito eleitoral livre no Leste Europeu desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

O resultado das urnas foi claro: os poloneses repudiavam os comunistas. Além disso, o pleito foi considerado limpo e a vitória da oposição foi aceita pelo Partido Comunista. Isso possibilitou a formação do primeiro governo não comunista na Europa Oriental pós-guerra.

A Polônia provara para aos europeus que era possível derrubar ditaduras por vias democráticas, inclusive negociando com o inimigo.

Piquenique
Mas na Hungria, que passava por situação econômica e política semelhante à Polônia, os abalos seriam causados por forças internas. Partiu do próprio governo, mais especificamente do primeiro-ministro Miklós Németh (1988-1990) e seus aliados, a proposta de desmantelar o sistema comunista abrindo as fronteiras.

No dia 2 de maio de 1989, o governo húngaro anunciou que, por motivos financeiros, não poderia mais manter a cerca eletrificada em sua fronteira com a Áustria. Foi o primeiro "buraco" aberto na Cortina de Ferro, pelo qual os alemães orientais poderiam escapar. Mesmo assim, não ocorreu a fuga em massa esperada.

Os húngaros fizeram então uma nova tentativa com a promoção de um piquenique pan-europeu, na fronteira com a Áustria, em 19 de agosto do mesmo ano. Mais de 600 refugiados atravessaram as barreiras levantadas, no período de três horas em que ocorreu o evento. Políticos húngaros cortavam pedaços da cerca de arame farpado e distribuíam como souvenirs.

Na última manobra, em 10 de setembro, a Hungria anunciou que as fronteiras seriam totalmente abertas. Assim, os alemães puderam fugir pela Hungria e, via Áustria, chegar até a Alemanha Ocidental. Foi o início da fuga em massa de alemães da RDA. Milhares debandaram para rever parentes, fazer compras, buscar empregos melhores ou simplesmente viajar ao exterior, coisa que até então eram proibidos de fazer.

Revolta popular
O abandono diário de milhares de cidadãos da Alemanha Oriental (25 mil num único final de semana) ameaçou o funcionamento de serviços básicos e acabou gerando uma crise no país. Os comunistas contra-atacaram bloqueando a passagem na fronteira com a antiga Tchecoslováquia. Parte dos alemães buscou refúgio na embaixada da República Federal da Alemanha em Praga, capital tcheca.

No final de setembro, o governo de Erich Honecker (1971-1989) adotou uma segunda decisão equivocada. Ele transferiu, de trem, os refugiados da embaixada para a Alemanha Ocidental, passando por dentro da RDA. Os demais alemães orientais, revoltados com o fechamento da rota de fuga pela Hungria, amontoaram-se nas estações e foram reprimidos com violência pelas forças policiais.

Os protestos cresceram por todo país e levaram, em outubro, à renúncia de Honecker, pressionado pelos membros do Partido Comunista.

Egon Krenz, o segundo homem no partido, assumiu o poder e decidiu conceder passes livres para todos alemães da RDA que quisessem viajar ao exterior. O plano era liberar os passaportes a partir de 10 de novembro. Porém, o porta-voz do governo, Günter Schabowski, em pronunciamento na TV no final da tarde do dia 9, disse por engano que as novas regras valeriam "de imediato".

Foi o suficiente para milhares de berlinenses correrem para o muro e exigirem a abertura dos portões. Então, por volta das 23h, guardas desorientados e sem ordens do alto escalão sobre como controlar o caos cederam à pressão dos manifestantes. O povo alemão comemorou, então, a vitória depois de 40 anos de bloqueio.

Desse modo, foi derrubada a primeira peça do dominó socialista da Europa Oriental, que mudaria por completo o traçado geopolítico do mundo.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Impacto do metano no clima é maior do que se pensava, segundo estudo



Efeitos seriam 30% maiores do que se pensava até agora.
Estimativas não levaram em conta a interação com os aerossóis.



O efeito do gás metano no processo do aquecimento global foi subestimado, segundo um estudo realizado por cientistas americanos que sugere que os modelos e os controles atuais das emissões deveriam ser revisados.


O professor Drew Shindell, do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa (agência espacial americana), dirigiu o estudo, cuja conclusão principal é que o impacto do metano na temperatura global é 30% maior do que se pensava até o momento.

O problema, segundo Shindell, é que as estimativas feitas até agora não levaram em conta a interação do metano com os aerossóis.

Quando este efeito indireto é incluído, uma tonelada de metano multiplica por 33 - e não por 25 como se pensava - o efeito do aquecimento da atmosfera que tem uma tonelada de dióxido de carbono (CO2), em um período de 100 anos.

Em declarações ao jornal britânico "The Times", o cientista ressaltou a importância de adotar medidas que permitam frear as emissões de metano, procedentes principalmente da pecuária, do cultivo de arroz e das explorações de carvão e de gás natural.




Para as mudanças do clima a longo prazo, é impossível prever os efeitos do CO2""

Calcula-se que o metano é o segundo gás que agrava o efeito estufa com maior impacto no aquecimento global, atrás do CO2, e responsável por um quinto do aumento das temperaturas.

A vantagem sobre as emissões de CO2 é que o metano se decompõe muito mais facilmente, por isso o efeito das medidas para combatê-lo seria notado com maior rapidez.

Shindell ressaltou que este tema deve ter uma grande importância na cúpula das Nações Unidas sobre o clima, que será realizada em Copenhague em dezembro.

"Para as mudanças do clima a longo prazo, é impossível prever os efeitos do CO2. É o problema principal e dura centenas de anos, mas se tivéssemos um esforço voltado a fazer frente a outros gases poderíamos ter um impacto muito grande a curto prazo", disse o cientista da Nasa, ao "The Times".

Shindell teve sua pesquisa publicada na revista "Science", em um artigo no qual também sugere a possibilidade de que as previsões sobre os efeitos da mudança climática sejam otimistas demais.

O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, publicado em 2007, estima que a temperatura do planeta aumentará entre 1,1 e 6,4 graus Celsius neste século.

Crescimento desorganizado afeta paraíso de Darwin




Em Galápagos, espécies observadas por cientistas correm perigo.
Introdução de espécies como ratose gado ameaça os animais nativos.



Os montes de lixo malcheirosos na fronteira desse frágil arquipélago, a 965 km da costa Pacífica do Equador, cuja vida selvagem única inspirou a teoria da evolução de Darwin, são uma prova viva de que uma espécie está prosperando: o homem.



Pequenos pintassilgos cinza, descendentes dos pássaros que foram cruciais para a sua teoria, sobrevoam o aterro, que serve a uma cidade em desenvolvimento de equatorianos que se mudaram para a ilha para trabalhar na indústria do turismo local, cada vez maior.



O crescimento da população nas Galápagos, que duplicou para cerca de 30 mil na última década, tem deixado os ambientalistas horrorizados. Eles apontam evidências de que o desenvolvimento já está prejudicando o ecossistema, que fez com que os habitantes mais famosos da ilha – entre eles tartarugas gigantes e atobás de pés coloridos – evoluíssem em isolamento, antes da colonização das ilhas, há mais de um século.


Foto: Ruth Fremson/The New York Times
Em dez anos, população de Galápagos duplicou para cerca de 30 mil pessoas. (Foto: Ruth Fremson/The New York Times)


O crescimento já está ameaçando tanto o meio ambiente que até mesmo o governo, que ainda estimula o crescimento do turismo, começou a tomar decisões políticas não-populares, como expulsar centenas de equatorianos pobres da província, da qual eles se consideram legalmente proprietários.

Oriente Médio



Outubro sangrento coloca em xeque guerras dos Estados Unidos


Tropa americana patrulha vila no Afeganistão em 19 de outubro de 2009
O mês de outubro de 2009 foi o mais violento no Iraque e no Afeganistão, palcos da "guerra contra o terror" promovida pelos Estados Unidos há quase dez anos. As mortes de iraquianos e americanos desestabilizam tanto os processos de transição política quanto a estratégia da Casa Branca de realocar recursos de uma guerra para outra. Direto ao ponto: Ficha-resumo)

O caso mais grave aconteceu na capital do Iraque. Um duplo atentado terrorista matou 155 pessoas, incluindo 24 crianças, e deixou centenas de feridos na explosão de carros-bomba em prédios do governo em Bagdá. Foi o pior ataque em dois anos.

As explosões, ocorridas no último domingo (25 de outubro), teriam como objetivo emperrar discussões sobre a reforma eleitoral, que vai regular as eleições marcadas para janeiro. Os atentados também aumentaram a tensão com os países vizinhos, principalmente a Síria, acusada pelo governo iraquiano de abrigar terroristas.

No dia seguinte, 14 americanos morreram na queda de helicópteros no Afeganistão. Na terça-feira (27), foram registradas mais oito baixas em confrontos, subindo para 55 o número de mortes no mês.

Os incidentes aconteceram a poucos dias do segundo turno das eleições presidenciais, marcado para 7 de novembro. O pleito será disputado entre o atual presidente, Hamid Karzai, e o ex-ministro de Relações Exteriores, Abdullah Abdullah. No primeiro turno, houve denúncias de fraudes.

As eleições no Iraque e no Afeganistão visam trazer estabilidade política aos países, ponto considerado fundamental para que os Estados Unidos encerrem as ocupações. Mas os ataques terroristas no Iraque e o crescimento do índice de soldados mortos no Afeganistão (num ano já considerado o mais mortífero desde o início da guerra) complicam ainda mais a situação no Oriente Médio.

A violência também afetou a estratégia do presidente Barack Obama de transferência dos recursos do Iraque para o Afeganistão. Nas próximas semanas, Obama deve decidir se aumenta o efetivo em mais de 40 mil soldados no território afegão. Porém, ele enfrenta oposição de quase metade da população americana e de setores do próprio governo, que duvidam que o reforço militar irá contribuir para trazer mais segurança ao país mulçumano.

Petróleo
Juntas, as guerras do Iraque e Afeganistão já mataram mais de 5 mil americanos e somam, segundo relatório do Congresso dos Estados Unidos, US$ 864 bilhões de gastos aos cofres públicos (74% deste total no Iraque, 22% no Afeganistão e os 4% restantes em gastos diversos). Especialistas estimam que as despesas irão ultrapassar US$ 1 trilhão, em plena época de recessão econômica.

Passados nove anos de guerra no Afeganistão e sete no Iraque, a impressão hoje é a de que os Estados Unidos subestimaram a resistência dos radicais mulçumanos e se meteram em outro atoleiro. Os dois conflitos já são mais longos que a participação dos americanos na Primeira (dois anos e dois meses) e Segunda Guerra Mundial (três anos e oito meses) e na Guerra da Coreia (três anos e um mês). E, por enquanto, somente inferior à participação na Guerra do Vietnã (doze anos).

As batalhas foram iniciadas no governo de George W. Bush (2001-2009), na sequência dos atentados de 11 de Setembro. A campanha militar no Afeganistão começou em 7 de outubro de 2001, com o objetivo de capturar Osama Bin Laden, líder da rede terrorista Al Qaeda. No caso do Iraque, a invasão em 19 de março de 2003 foi justificada pela suposta posse de armas de destruição em massa pelo governo de Saddan Hussein, que nunca foram encontradas.

De modo geral, a administração Bush alegava que as incursões militares tinham a intenção de democratizar os países, que viviam sob ditaduras, e combater os grupos terroristas. Especialistas, por outro lado, apontam interesses econômicos em reservas de petróleo e derivados como a principal razão por trás da "guerra contra o terror".

Mas por que essas guerras duram tanto tempo e por que é tão difícil encontrar uma saída para os conflitos?

Taleban
Tanto o Afeganistão quanto o Iraque são países divididos por grupos étnicos e religiosos que viveram séculos sob ocupação estrangeira e nunca conheceram a democracia ocidental ou uma paz duradoura. São também terras ricas em minérios e que ocupam posições estratégicas na geopolítica do Oriente Médio, o que desperta a cobiça de grandes potências mundiais.

Localizado na Ásia central, o Afeganistão faz fronteira com Paquistão, Irã e China. O país possui 32,7 milhões de habitantes, 70% vivendo em condição de pobreza. O que une os diferentes grupos étnicos é a religião mulçumana (80% sunita e o restante xiita).

A maior renda vem do ópio (matéria-prima da heroína), pois o Afeganistão concentra 93% da produção mundial dessa substância, que corresponde a 30% do Produto Interno Bruto (PIB), além de ser a principal fonte de financiamento do Taleban.

Durante a Guerra Fria, o país permaneceu vinte anos sob ocupação da ex-URSS (1979-1989). Neste período, os mujahedin (combatentes islâmicos) receberam apoio da CIA, o serviço secreto americano, para lutar contra as tropas russas.

Quando, finalmente, o Exército Vermelho deixou Cabul, a capital, estourou uma guerra civil entre facções rivais. As lutas só terminaram após o Taleban, grupo nacionalista mulçumano de etnia pashtu, tomar o poder em 1996. Hoje, estima-se que os extremistas ainda controlem até 70% das terras afegãs.

Saddam
Já o Iraque possui uma das culturas mais antigas do mundo, que remonta há 10 mil anos. O território abrigou as primeiras civilizações humanas, que criaram o alfabeto cuneiforme e o primeiro código de leis, a Lei do Talião ("olho por olho, dente por dente").

Diferente do Afeganistão, a maior parte dos 31,2 milhões de habitantes são mulçumanos xiitas (60%), embora os sunitas tenham governado o país ao longo da história.

O Iraque ficou quase quatro séculos sob domínio do Império Otomano (1533-1918), até que a região foi dividida ao final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e o país se tornou colônia do Reino Unido. O período monárquico durou de 1921 a 1958, quando a família real foi assassinada, depois de um golpe de Estado.

Em julho de 1968, um novo golpe, conduzido pelo Partido Socialista Árabe Baath, levou ao poder o líder sunita Saddam Hussein, primeiro como vice-presidente e, a partir de 1979, como presidente. Os 24 anos de regime de Saddam foram marcados pelo culto à personalidade, perseguição a etnias (curdos e xiitas) e massacres, incluindo três guerras no Golfo Pérsico.

A primeira Guerra do Golfo foi travada contra o Irã (1980 a 1988) depois que a Revolução Islâmica, liderada pelo aiatolá Ruhollah Khoemini (1900-1989), depôs a monarquia iraniana, alinhada ao Ocidente. O ditador iraquiano tinha então apoio financeiro de Washington.

Endividado ao final dos conflitos, Saddan invadiu o Kuwait em 1990, país vizinho credor e rico em petróleo. Uma coalizão militar internacional, tendo à frente os Estados Unidos, expulsou o exército iraquiano do Kuwait. Seguiu-se um período de sanções econômicas até a terceira guerra no Golfo, em 2003, contra os americanos.

Retirada
Para os Estados Unidos, o maior triunfo das atuais guerras foi a captura de Saddan Hussein, em dezembro de 2003. O ditador estava escondido em um buraco após ter escapado do cerco à capital. Ele foi julgado, condenado à morte e enforcado em 31 de dezembro de 2006.

No entanto, a justificativa fraudulenta para a invasão do Iraque e o escândalo de abusos contra detentos na prisão iraquiana de Abu Ghraib mancharam a imagem dos EUA perante o mundo.

Com o Iraque ocupado e alvo de sucessivos ataques terroristas, realizaram-se em 2005 as primeiras eleições presidenciais e parlamentares. Neste ano, Obama anunciou a desocupação total até o final de 2011 e, em junho, o exército americano deixou as ruas, que passaram a ser patrulhadas por forças iraquianas.

Para Cabul, prioridade atual do governo americano, o plano também é garantir que o governo local tenha condições de manter o controle após a retirada das tropas. O problema, tanto no Iraque quanto no Afeganistão, é que os americanos não são vistos como "salvadores da pátria" por libertarem os países das ditaduras de Saddan e do Taleban, mas como invasores.

Quase uma década depois, os Estados Unidos não conseguiram pacificar o Iraque nem capturar Osama Bin Laden. Nem é certo que os países invadidos não mergulhem novamente em guerras civis e étnicas após os americanos deixarem o front, nem que a Al Qaeda, um grupo que age internacionalmente, não volte a atacar. Em todos os cenários mais realistas, serão guerras perdidas para o Tio Sam.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Violência no Rio de Janeiro



Desafio do Estado é vencer o tráfico


A CPI da Violência Urbana da Câmara Federal ouviu Cláudio Chaves Beato Filho, da UFRJ, em 21/10/2009
Quinze dias após ter sido escolhido como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro voltou a ser notícia na imprensa internacional. Desta vez, por conta de um velho problema: a violência urbana. Direto ao ponto: Ficha-resumo

No dia 17 de outubro de 2009, traficantes atiraram contra um helicóptero da polícia. O piloto tentou fazer um pouso forçado, mas a aeronave explodiu, matando três policiais. O atentado aconteceu durante uma tentativa de invasão ao morro dos Macacos, Zona Norte, por criminosos do Comando Vermelho, que dominam o tráfico no morro vizinho.

Além dos policiais, três trabalhadores e mais 19 bandidos morreram, totalizando 25 mortes em quatro dias. Os criminosos também queimaram oito ônibus, para desviar a atenção da polícia.

Apesar de grave, o episódio não é novidade no cotidiano carioca. Em 16 de novembro de 1984, outro helicóptero da polícia foi derrubado em uma operação no morro do Juramento. Confrontos entre traficantes e policiais também são frequentes desde que as autoridades resolveram retomar territórios controlados pelo tráfico.

O que chamou a atenção foi o fato ocorrer logo após a cidade ter ganhado a disputa para sediar os Jogos Olímpicos. Isso levou a imprensa estrangeira a questionar a capacidade do governo carioca em oferecer segurança aos atletas durante o evento.

Os Jogos Olímpicos podem até forçar o Estado a resolver, em sete anos, um problema que já dura 25. Mas a questão mais importante hoje é como o governo pode oferecer segurança para a população, acuada nos conflitos armados entre policiais e bandidos.

Com o recrudescimento da situação, neste mês de outubro, a Comissão Parlamentar de Inquérito da Violência Urbana da Câmara Federal ouviu Cláudio Chaves Beato Filho, coordenador-geral do Centro de Estudos de Criminalidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro e o deputado federal Fernando Gabeira.

Tráfico de drogas
O Rio de Janeiro é a segunda maior cidade do país, com 6,2 milhões de habitantes. A metrópole, que foi capital do Brasil de 1763 até 1960, é também o principal destino de turistas estrangeiros. Por isso, funciona como uma espécie de "vitrine" do país para o mundo.

A violência urbana no município é associada ao tráfico de drogas. De acordo com dados de 2008 do Ministério da Justiça, o Rio de Janeiro é o quinto estado brasileiro com maior taxa de homicídios, com 33 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, ficando atrás de Alagoas (66,2), Espírito Santo (56,7), Pernambuco (48,5) e Pará (39,8).

Por outro lado, possui, de longe, a polícia que mais mata. Em 2008, foram 1.137 mortos em confrontos com a polícia, taxa sete vezes maior que qualquer outra região do país. Os gastos totais em segurança somam 12% do orçamento do Estado, quase o dobro de São Paulo (7,4%) e pouco menor que o de Minas Gerais (12,5%).

Mas o tráfico, por si só, não justifica o alto índice de criminalidade. Praticamente todas as grandes metrópoles do mundo possuem comércio ilegal de drogas. Estima-se que o mercado consumidor de cocaína em Nova York, por exemplo, seja duas vezes maior que o Rio. A diferença é que nem a cidade americana nem outras europeias testemunham quase que diariamente cenas de guerra nas ruas, como acontece no Rio. Como explicar isso?

A resposta é que, no Rio, facções armadas travam lutas pelo controle de territórios, favorecidas por uma rede de corrupção e pelo descaso histórico do poder público em relação às favelas nos morros cariocas.

Para que a situação chegasse a esse ponto, cinco fatores foram decisivos: o aumento da oferta e demanda no mercado da cocaína, o surgimento das facções criminosas durante o regime militar (1964-1985), o crescimento das favelas, a corrupção de setores públicos e privados e medidas repressivas e eleitoreiras sem efeito prático.

Comando Vermelho
Até meados dos anos 1970, o tráfico de drogas no Rio se restringia à venda de maconha, plantada no Nordeste do país, para presos, favelados e boêmios, num esquema amador. Entre o final dos anos 1970 e começo dos 1980, a cocaína boliviana chegou ao país a preços acessíveis, proporcionando lucros rápidos e altos para as quadrilhas. Era o início da era do tráfico de drogas internacional, que tornaria a América Latina o principal produtor e exportador de cocaína no mundo.

Para organizar o tráfico e controlar os pontos de vendas no varejo, facções criminosas surgidas nos presídios passaram a disputar os territórios nos morros, objetivando ampliar o mercado e obter ganhos maiores. Quanto mais próximo o morro está de bairros de classe média, ou seja, do consumidor, mais valorizado é o ponto. E, como o negócio é ilegal, os métodos violentos dos traficantes cariocas foram adotados tanto para cobrar devedores e intimidar moradores, quanto para proteger as "bocas" de concorrentes.

A primeira facção surgiu durante a ditadura militar. Com o aumento de assaltos a bancos e sequestros para financiar guerrilhas de esquerda, o governo decretou, em 1969, a Lei de Segurança Nacional. Com isso, alguns presos políticos foram levados para o Presídio de Ilha Grande, desativado em 1994, onde dividiam as celas com presos comuns.

Com o tempo, os detentos passaram a incorporar as táticas dos prisioneiros políticos para dominar a população carcerária. Foi desse modo que, nos anos 1970, nasceu a Falange Vermelha, mais tarde chamada de Comando Vermelho.

Fora dos presídios, os bandidos começaram a planejar assaltos e sequestros para financiar a libertação de líderes presos e garantir regalias dentro das penitenciárias. Com a chegada da cocaína, passaram também a coordenar o tráfico de drogas, mais rentável e, de certo modo, mais seguro, se comparado a outras modalidades de crimes.

A partir de 1986, disputas internas no Comando Vermelho levaram à criação de facções rivais, como o Terceiro Comando e o Amigos dos Amigos, o que gerou mais violência. Os traficantes começaram a se equipar com armamento cada vez mais pesado, de uso exclusivo das Forças Armadas, e a cooptar "soldados" e "vapores" (vendedores de drogas) cada vez mais jovens entre as comunidades.

Os donos do morro
Nesse sentido, as favelas dos morros cariocas desempenharam uma função estratégica para os traficantes. Elas cresceram durante os anos 1960, quando o Rio viveu um processo de rápida urbanização e migração, sem que houvesse um planejamento econômico para atender a população.

Na ausência do Estado, os donos do morro - como são conhecidos os traficantes responsáveis pela distribuição de drogas no varejo - se tornaram as figuras mais importantes dentro das favelas. Em troca do silêncio dos moradores, os traficantes mantém a ordem e praticam o assistencialismo, distribuindo produtos como remédios e cestas básicas, além de promoverem festas e bailes funks.

A carência ainda forneceu às quadrilhas mão de obra barata para o negócio ilegal. Para milhares de jovens, sem oportunidades de estudo ou emprego, o tráfico se tornou a única via de acesso a bens de consumo e até mesmo de sustento para suas famílias. Outros fatores, como o glamour do banditismo e o vício em drogas, também acabaram envolvendo jovens de classe média e alta no crime organizado.

Outra vantagem importante que os morros oferecem aos traficantes é a topologia. Do alto das favelas, os bandidos conseguem monitorar a entrada de viaturas policiais e se prevenir. A ocupação irregular das favelas (são cerca de 800), com ruas estreitas, becos, esconderijos e dezenas de entradas e saídas, também dificulta o trabalho da polícia.

Corrupção
Os maiores líderes da facção, porém, estão em presídios de segurança máxima, de onde ainda controlam o tráfico e outras atividades criminosas, por meio de aparelhos celulares e visitas de parentes e advogados.

Por esta razão, outro componente importante na engrenagem do tráfico é a corrupção de órgãos do governo e instituições privadas. O dinheiro do tráfico financia desde a proteção de policiais e conivência de agentes penitenciários até a compra de sentenças de juízes.

Apesar de os donos do morro ficarem famosos na imprensa, como no caso do traficante Márcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP (veja livro indicado abaixo), quem alimenta o tráfico carioca são os atacadistas. Eles possuem contatos e influência junto a governos, empresas e instituições bancárias, para conseguirem lavar o dinheiro resultante do comércio ilícito de drogas.

São os atacadistas que fazem o tráfico internacional, tanto de drogas quanto de armas, e poucos são os traficantes que conseguem atingir essa posição. Estima-se que somente 20% da cocaína que chega ao Rio abasteça o mercado interno; a maior parte tem como destino a Europa.

Como resolver
Nos últimos anos, com a violência cada vez mais próxima da classe média e a consequente mobilização de setores da sociedade civil, os governos tiveram que mudar de estratégia. Chegou-se à conclusão de que era preciso retomar a presença do Estado nos morros, por intermédio da polícia comunitária, e do combate à exclusão, com programas sociais.

Porém, a solução para a criminalidade no Rio de Janeiro, que, conforme visto, possui raízes históricas e atravessa sucessivas administrações, não é fácil ou rápida. Por outro lado, também não existe nenhuma fórmula mágica que precise ser descoberta.

Segundo especialistas, a solução envolve duas frentes contínuas de ação: uma policial e outra social. Na policial, o foco na repressão e reação aos ataques tem efeitos colaterais indesejáveis, com a morte de policiais e pessoas inocentes em tiroteios com traficantes. Para evitar isso, seriam necessários investimentos em inteligência e operações preventivas.

Mais importante que a polícia concentrar esforços no combate ao varejo é a investigação dos atacadistas. De nada adianta a polícia prender os chefes do tráfico, pois eles são substituídos por outros ou continuam liderando os grupos de dentro dos presídios. Sendo assim, seria mais eficiente sufocar as rotas de comércio ilegal de armas e drogas, impedindo que os produtos cheguem aos morros.

Para se chegar a esses atacadistas, serão necessários mecanismos mais rigorosos de controle da corrupção, que passam pela investigação de redes de lavagem de dinheiro e a punição de empresários, políticos, funcionários públicos e juízes envolvidos com o tráfico, conforme apontado pela CPI do Narcotráfico.

Do ponto de vista social, o governo precisa oferecer alternativas de renda viáveis e concretas para os jovens que moram nas favelas. Com oportunidades de emprego, boa parte deles deixaria de ser mão de obra para as quadrilhas nas favelas.

Espera-se que, pelo menos com a visibilidade que o Rio ganhará com a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, um passo seja dado nessa direção.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

SUPER VEST SHOW

DVD + CD = R$ 25,00

1. 120 aulas em vídeo ( Matemática, física, biologia, história, química, geografia, redação e português)
2. Apostila Completa de todos os assuntos.
3. Programa de questões por assunto do vestibular UECE e UFC.
4. Provas da UFC comentadas.
5. Atualidades
6. Curiosidades.
7. Ebook.
8. Simuladores de provas.
9. Concorrência.
10. Resumo das obras da UFC.
11. Dicas de como passar no vestibular.
12. Aulas em áudio.

Colisor de hádrons atinge temperatura inferior à do espaço remoto





LHC atinge, após meses de reparos, 271°C negativos.
Temperatura é pouco superior ao ‘zero absoluto’ (-273°C).



O Grande Colisor de Hádrons (LHC), um gigantesco acelerador de partículas que começou a operar em setembro do ano passado mas logo teve de ser desligado por falha técnica, atingiu novamente a temperatura necessária para a realização de experimentos: -271° Celsius. O LHC é um túnel circular de 27 quilômetros construído a 100 metros de profundidade na fronteira da França e Suíça ao custo de US$ 6 bilhões. Para resfriar as 8 seções do complexo, foi utilizado hélio líquido. Foi justamente um vazamento de hélio líquido que causou a frustrante interrupção de atividades do colisor, pouco depois de sua retumbante inauguração.



A perspectiva, agora, é de uma “re-estreia” na segunda quinzena de novembro. Mas choques de alta energia só devem ocorrer em janeiro. O objetivo final é recriar as condições logo após o Big Bang. O LHC é operado pela Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (Cern, baseado em Genebra).



A temperatura atingida pelo LHC é pouco superior ao “zero absoluto” (273,15°C negativos), a temperatura mais baixa possível. Em regiões remotas do espaço sideral, a temperatura é de cerca de -270°C.







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AULA EQUILÍBRIO QUÍMICO

Competição nos Estados Unidos estimula projetos de casas com energia solar




Construções mantém estilo de vida dos moradores.
Evento inclui 20 equipes de universidades dos EUA, Canadá e Europa.

Do 'New York Times'



John Hamilton fez uma pausa no conserto das bombas de calor, canos e tanques ordenados à sua frente, o centro mecânico de uma pequena casa montada no National Mall, para ler o medidor elétrico montado na lateral.


A tela digital mostrava que, durante os dois dias anteriores, a estrutura parecida com um pavilhão, projetada por estudantes de arquitetura e engenharia da Virginia Tech, havia extraído cerca de 20 quilowatts/hora da rede elétrica. No mesmo período, entretanto, células foto-elétricas no telhado haviam gerado cerca de 60 quilowatts/hora de volta.



*

Aspas

A ideia é provar às pessoas que a energia solar funciona, e que você não precisa abandonar seu estilo de vida para usá-la
"

"Isso é ótimo", afirmou Hamilton, que regulava os sistemas de controle da casa numa tarde de quinta-feira, pois sua empresa, a Siemens, é um dos patrocinadores. "Nós a usamos muito nesta manhã".


Os membros da equipe da Virginia Tech estiveram ocupados com preparativos de última hora para a inauguração de seu projeto, chamado Lumenhaus, e para o lançamento do Solar Decathlon, uma competição do Departamento de Energia dos EUA envolvendo o projeto e a construção de uma residência eficiente e habitável usando energia solar.




O evento de dez dias inclui 20 equipes de universidades dos Estados Unidos, Canadá e Europa


Alguns grupos têm se apressado de forma ainda mais frenética. Alunos e conselheiros acadêmicos da Universidade de Wisconsin, em Milwaukee, estavam usando capacetes, serrando e martelando, e ainda trabalhavam bem depois das cerimônias de abertura da uma da tarde.



A produção de energia em rede da casa da Virginia Tech valerá alguns pontos na competição. Mas essa e as outras inscrições não serão julgadas somente pelo uso da eletricidade. Serão concedidos pontos pelo projeto arquitetônico, habilidade de engenharia, conforto e possibilidade de comercialização – ao todo, são dez categorias.


"A ideia é provar às pessoas que a energia solar funciona, e que você não precisa abandonar seu estilo de vida para usá-la", disse Richard King, diretor da competição bienal do Departamento de Energia, que concede US$ 100 mil a cada equipe para iniciar os projetos.



Viabilidade

O evento também tem a intenção de fazer os estudantes pensarem em solucionar os problemas de energia de maneiras viáveis – todos os projetos precisam ser direcionados a um mercado específico, de baixa a alta renda.



As casas, limitadas a 75 metros quadrados, são totalmente abastecidas com mobília e decoração – até mesmo lençóis, toalhas e livros. Os membros das equipes não moram nelas, mas precisam realizar atividades domésticas como cozinhar e lavar roupas, e são julgados se seu sistema é capaz de manter uma temperatura de ar confortável e produzir água quente em quantidade suficiente.




A televisão tem de ser deixada ligada por seis horas ao dia, para demonstrar que há eletricidade o suficiente para diversão



Com as casas alinhadas em duas fileiras à sombra do Monumento de Washington, a competição lembra um parque de trailers futurista. Há materiais e projetos inovadores por todo lado – na casa da Equipe Ontário, venezianas exteriores auto-ajustáveis que também podem refletir a luz do sol para dentro da construção; uma parede de água plástica no projeto da Universidade do Arizona, que absorve a luz solar que libera calor; e, no Lumenhaus, painéis móveis translúcidos separados com aerogel, o que permite a passagem da luz.



Painéis solares, tanto fotoelétricos quanto termais, adornam os telhados. Alguns são montados da maneira convencional, inclinados de forma que os raios do sol os atinjam quase perpendicularmente para aprimorar a eficiência da conversão.



*

Aspas

Disse a esses garotos que eu viveria nesta casa "

Algumas casas, porém, possuem painéis horizontais, ou nas laterais, como telhas de alta tecnologia (e alto preço), ou com mecanismos para permitir que eles se inclinem, seguindo o sol. A competição estimula a sustentabilidade, então a maioria das casas tem sistemas para usar a água da chuva e reutilizar a água de limpeza para as plantas.



Produtos reciclados são encontrados nas partes externas (tábuas feitas de papel e madeira prensados na casa da Universidade de Minnesota) e internas (portas de armários feitas de talo de sorgo prensado da cozinha da Equipe Missouri).



Muitos dos interiores são projetados para serem flexíveis e adaptáveis. No Lumenhaus, por exemplo, armários centrais podem ser arrastados na direção das paredes para isolar o quarto da área comum, e um balcão móvel pode cobrir grande parte das superfícies da cozinha ou ser usado como uma mesa.



Hamilton, representante da Siemens, gostou tanto do interior que tinha uma proposta aos estudantes da Virginia Tech. "Disse a esses garotos que eu viveria nesta casa", afirmou ele.

Crise econômica próxima do fim?



As lições da crise, um ano depois


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião de chefes de Estado do G20, em abril de 2009
Foi numa segunda-feira, 15 de setembro de 2008, que ocorreu a morte simbólica de Wall Street, um dos mais importantes centros financeiros do mundo. A economia mundial se viu então diante um iminente colapso, sem precedentes desde o crack da bolsa de Nova York em 1929. (Direto ao ponto: Ficha-resumo)

Neste dia, o Lehman Brothers quebrou e outros três bancos de investimentos dos Estados Unidos, o JP Morgan, o Merril Lynch e o Goldman Sachs, quase foram à falência. Para se reerguerem, pediram socorro ao governo. Era o início da atual crise econômica mundial, que mudou o panorama geopolítico do mundo globalizado e deixou uma dívida que, no futuro, pode resultar em novos abalos no sistema financeiro. Para evitar isso, é preciso criar mecanismos mais eficientes para regulamentar a especulação com capitais de risco.

A questão de como será feito esse controle é justamente um dos pontos de divergência da cúpula do G-20, grupo dos países ricos e emergentes. Eles se reúnem no final deste mês de setembro nos Estados Unidos para chegar a um acordo sobre como sair da crise.

Quase um ano depois, o consenso é que o pior já passou e que os efeitos, contrariando os mais pessimistas, foram menos catastróficos que o esperado. De acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a previsão é de recuo em 1,3% da economia global este ano - contra a estimativa anterior de 1,4% de retração - e recuperação somente no final de 2010.

Trocando em miúdos, o capitalismo entrou agora na fase de recuperação. No entanto, para o G-20, ainda é cedo para suspender a irrigação de setores privados com verbas públicas. É uma aposta necessária, mas que não agrada a todos. Manter os pacotes de estímulos monetários e fiscais do Estado tem um custo político: o contribuinte sabe que foi ele quem pagou pela "lambança" no mercado financeiro, e deve retribuir seu descontentamento nas urnas.

Governos gastaram trilhões de dólares de impostos e aposentadorias para salvar bancos à beira da falência, "azeitar" o setor industrial e gerar empregos. Com isso, mais as medidas de reajustes fiscais, conseguiram resgatar a economia do buraco.

Brasil
O mundo pós-crise que surgiu dessa manobra trouxe também um novo rearranjo no tabuleiro da geopolítica mundial. Os Estados Unidos elegeram o primeiro presidente negro de sua história, Barack Obama, com a promessa de reerguer a maior potência econômica do planeta.

Desde o início da recessão, o país viu desaparecer 6,9 milhões de vagas e amarga a pior taxa de desemprego em 26 anos. O americano está endividado e sem poder de consumo, o que deve retardar ainda mais a recuperação da economia doméstica.

Na Europa, mesmo com o setor bancário menos atingido, o desemprego é o maior em dez anos, o que deu vazão a políticas de restrições à imigração. E, pela primeira vez, a China ultrapassou a Alemanha e se tornou o principal país exportador no mundo, provocando uma mudança no fluxo de capitais entre Estados Unidos e Europa.

Aliás, são os países que compõe o chamado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), grupo das economias emergentes, que saem fortalecidos da crise, com maior poder político e de atração de investimentos.

No Brasil, a recessão durou exatamente dois trimestres, contra o dobro em nações mais ricas, como Estados Unidos, França e Alemanha. Para este ano, a estimativa de crescimento é de quase 2%, contrastando com as taxas negativas em outros países.

Contribuiu para isso uma economia estável e um mercado financeiro com pouca alavancagem - termo usado para quando uma empresa investe aquilo que não tem. Foi esse tipo de operação de risco que deu início ao período de recessão.

Bolha imobiliária
No final de 2008, instituições financeiras promoviam uma verdadeira "roleta russa" com as economias de pessoas comuns. Havia juros baixos e crédito farto para operações de alto risco e lucro incerto.

Os americanos pegavam dinheiro emprestado dos bancos para comprar casas, contraindo dívidas que não poderiam pagar. Com a maior procura, os imóveis eram valorizados. Os bancos, por sua vez, faziam contratos de segunda linha, chamados subprimes, e repassavam para as seguradoras, visando se cobrir de eventuais calotes. Os papéis eram ainda negociados com investidores e fundos de aposentadoria.

A ideia era, no final, todos saírem ganhando. Mas aí os juros aumentaram e os americanos não conseguiram pagar as dívidas, perdendo as casas hipotecadas. Os bancos colocaram os imóveis à venda, causando queda nos preços de mercado.

De uma hora para outra, empresas se viram cobertas de títulos "podres" dos quais precisavam se livrar o mais rápido possível, antes que se desvalorizassem mais ainda. A situação era o que os especialistas chamam de estouro da "bolha".

A volta do Estado
Daí por diante, foi um efeito dominó. Com a confiança abalada no mercado, créditos deixaram de ser concedidos e os investidores se afastaram. Sem crédito, houve queda de produção e as fábricas fecharam, como aconteceu com a indústria automobilística.

Como resultado, milhares de pessoas perderam o emprego, gerando queda no consumo e na arrecadação de impostos. Os países entraram em período de recessão, que é quando deixam de crescer e acumulam perdas no Produto Interno Bruto (PIB), a soma de riquezas de uma nação.

Mas por que a crise não foi prevista? Por que não se adotaram mecanismos para impedir que isso acontecesse?

Controles existem, mas são frágeis: um dinheiro investido em uma ação da Bolsa atravessa o mundo em questão de segundos, enquanto as agências que controlam as transações financeiras, como os bancos centrais, ficam restritas às fronteiras de cada país.

Além disso, nos últimos 50 anos a crença dominante entre economistas era de um mercado autorregulado, aquilo que Adam Smith (1723-1790), pai da economia moderna, chamava de "mão invisível". Quando menos o Estado interviesse, melhor.

A doutrina da "mão invisível" saiu abalada com a crise e hoje se fala em reconstrução do papel do Estado na economia global. O problema dessa história é que o Estado está fazendo isso contraindo dívidas que podem ser o germe da próxima depressão.

Os Estados Unidos, que gastaram US$ 12 trilhões em pacotes para salvar bancos e indústrias, a previsão é terminar o ano com déficit de 11% do PIB (no Brasil, estima-se em torno de 3%).

Enquanto isso, os grandes bancos que antes estavam à margem do abismo comemoram a saída do vermelho. Voltaram a faturar. Melhor do que isso, saíram da crise com uma espécie de salvo-conduto: a garantia de que, a despeito das especulações de risco, poderão ser ajudados novamente pelo governo.

Não se sabe quando ocorrerá a nova crise. A única certeza é que, a menos que sejam implementadas medidas mais enérgicas de controles das finanças internacionais, ela virá. E nem é preciso ser economista para saber quem vai pagar a conta novamente.

Revolução Chinesa - 60 anos



Socialismo à chinesa sobrevive ao século 20


Mao anuncia a fundação da República Popular da China, em 1º de outubro de 1949
Há 60 anos, no dia 1º de outubro de 1949, a Revolução Chinesa transformou o terceiro maior país do planeta - e o mais populoso - numa nação socialista, a República Popular da China. Direto ao ponto: Ficha-resumo)

Seria impensável, à época, unir economia liberal, baseada no mercado livre, e regime comunista, centralizado no Estado. Pois é com esse modelo administrativo que a China, depois de passar metade do século 20 em conflitos e sobreviver ao colapso do comunismo, ao final da Guerra Fria (1945-1991), ameaça hoje a hegemonia dos Estados Unidos.

Senhores feudais
Considerada um dos berços da civilização, a China desenvolveu a escrita, o Estado e várias tecnologias - como a fundição de ferro e bronze, fabricação de tecidos, indústria naval e imprensa - muito antes do Ocidente.

Enquanto os gregos inventavam a filosofia ocidental e a democracia, entre os séculos 8 e 3 a.C. os chineses faziam a transição da sociedade escravista para o regime feudal, com amplo desenvolvimento cultural e científico.

Foi também um período marcado por guerras entre os senhores feudais, até que a dinastia Qin instituiu o primeiro Estado centralizador, com o objetivo de unificar o país e resolver os conflitos internos. Os dois mais famosos legados da China feudal são da dinastia Qin: a Grande Muralha e o Exército de Terracota.

Nos séculos seguintes, a disputa entre dinastias ora centralizava ora descentralizava o poder no Estado chinês.

Durante a dinastia Ming (1368-1644), no século 14, o país possuía a mais avançada frota naval do mundo. Porém, a expansão mercantilista foi proibida pelo sistema feudal, influenciado por aspectos mais conservadores da doutrina de Confúcio (551 a.C.- 479 a.C.). Isso contribuiu para a ascensão da monarquia absolutista Qing e o atraso econômico, social e industrial da China em relação à Europa.

Foram essas desvantagens frente aos impérios coloniais do século 19, somadas a instabilidades internas causadas por rebeliões camponesas, que deixaram o país suscetível a interferências de nações imperialistas. Após a primeira Guerra do Ópio (1840), contra a Inglaterra, o país foi praticamente retalhado em colônias inglesas, francesas, alemãs, japonesas e americanas.

Revoltas camponesas
O clima de revolta contra os estrangeiros e os senhores feudais incentivou levantes populares como a Revolução Celestial Taiping (1851-1864) e as rebeliões dos Nain (1851) e dos Boxers (1900-1901). O sentimento anticolonialista entre os camponeses - que, correspondendo a 80% da população, eram a grande força militar do país - foi canalizado na formação do Kuomintang (Partido Nacionalista Chinês). O partido foi criado por Sun Yat-sen (1866-1925), que proclamou a República entre 1911 e 1912.

Mas mesmo tendo derrotado a monarquia feudal, os nacionalistas não conseguiram manter o poder, que foi transferido para senhores da guerra ligados às potências estrangeiras. Na prática, portanto, pouca coisa mudou.

Na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a China se aliou à Inglaterra e à França contra a Alemanha e o Japão, esperando com isso rever sua condição de dependência colonial. Contudo, mesmo apoiando os vencedores, a China teve de aceitar, ao final da guerra, o artigo do Tratado de Versalhes (1919) que conferiu ao Japão o direito de posse das concessões alemãs em território chinês.

Revoltados contra o fracasso da diplomacia do governo chinês, estudantes promoveram manifestações em Pequim que se espalharam pelo país, conhecidas como Movimento 4 de Maio. Os jovens também criaram, sob influência da Revolução Russa de 1917, o Partido Comunista Chinês (PCC), em 1921.

No início, o PCC e o Kuomintang eram aliados contra os senhores da guerra e as potências colonialistas. Isso mudou com um golpe militar, em 1927, do sucessor de Sun Yat-sen na liderança do Partido Nacionalista, Chiang Kai-shek (1887-1975). Os comunistas se refugiaram no campo, onde organizaram a luta armada e o Exército Vermelho para combater os nacionalistas. O PCC estabeleceu ali um modelo de guerrilha rural seguido, por exemplo, pelos comunistas brasileiros na Guerrilha do Araguaia (1972-1975).

A guerra civil entre nacionalistas e comunistas se estendeu até 1935, com a vitória do Kuomintang e a perda de 90% do efetivo do exército comunista durante a Grande Marcha.

Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os partidos se uniram mais uma vez contra a ocupação japonesa e, em 1947, travaram nova guerra civil. Desta vez, os comunistas tinham mais prestígio junto ao povo, graças à resistência às tropas nipônicas, além de apoio da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Sob a liderança de Mao Tse-tung (1893-1976), o PCC derrotou o Partido Nacionalista e proclamou, em 1949, a República Popular da China.

Revolução Cultural
A China era então um país pobre, atrasado e completamente destruído por mais de duas décadas de guerras e batalhas domésticas. Nas três décadas seguintes, Mao Tse-tung fez do país um dos maiores laboratórios da experiência socialista do século passado, grande também em seus desastres.

No decorrer do Grande Salto Adiante (1958-1961), campanha que tinha como objetivo modernizar a China aumentando a produção agrícola e acelerando a industrialização, cerca de 20 milhões de pessoas morreram de fome.

Já a Revolução Cultural (1966-1967, 1972-1973 e 1975-1977), movimento de caráter ideológico que iniciou o culto ao líder Mao Tse-tung, foi um dos períodos mais traumáticos da história do país. Intelectuais e pessoas consideradas inimigas do partido eram executadas pelos "guardas vermelhos", enquanto outros eram perseguidos e exilados do país.

Foram estes primeiros fracassos do regime comunista que levaram o PCC - tendo à frente Deng Xiaoping (1904-1997), que se tornou líder máximo após a morte de Mao - a promover reformas políticas e econômicas entre 1978 e 1980. As reformas tiveram como maior característica a abertura do mercado.

Com a queda dos governos comunistas no Leste Europeu, supunha-se que a China encontraria o mesmo caminho aberto pelas reformas na economia, rumo à democracia liberal. Não foi o que aconteceu. O país adotou um sistema que combina protecionismo e livre mercado, propriedade privada e social, capitalismo econômico e Estado socialista.

China pós-crise
Hoje a China é a terceira maior economia do planeta, atrás somente dos Estados Unidos e do Japão, ultrapassando o Reino Unido e a Alemanha. Além disso, é país que mais concentra investimentos estrangeiros. No atual ritmo de crescimento, deve se tornar, em 2010, a segunda maior potência econômica, ameaçando a supremacia dos americanos.

Desde 1991, a economia cresceu quase 11 vezes, tornando a capital, Pequim, uma das metrópoles mais arrojadas e modernas do planeta. O país, que foi também um dos primeiros a se recuperar da crise econômica mundial, assumiu a liderança no mercado automobilístico e superou a Alemanha como maior exportador mundial.

O sucesso na área econômica, no entanto, foi acompanhado de censura à imprensa, restrições aos direitos civis e violações dos direitos humanos. Eventos dramáticos, como o massacre da Paz Celestial (Tiananmen), anexação do Tibete e o massacre da etnia uigur na Província de Xinjiang, no ano passado, renderam críticas da comunidade internacional.

No desfile militar que irá comemorar os 60 anos da Revolução Chinesa, o mesmo povo que colocou no poder os comunistas será barrado por um forte esquema de segurança na capital chinesa. Sinal de que uma das nações mais poderosas do século 21 é também uma aberração política do século 20, sem contradição.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Prêmio Nobel


Prêmio Nobel
Por que Obama ganhou o Nobel da Paz de 2009?


Barack Obama ganhou o prêmio Nobel da Paz no momento em que enfrenta queda de popularidade
Barack Obama demonstrou surpresa ao saber que havia ganhado o Prêmio Nobel da Paz deste ano. Foi uma decisão no mínimo polêmica do Comitê Norueguês, que anunciou o prêmio no dia 9 de outubro de 2009. Afinal, os Estados Unidos estão envolvidos em duas guerras, no Iraque e no Afeganistão. Além disso, até agora, as estratégias diplomáticas de Obama para resolver conflitos no Oriente Médio e os esforços para impedir a proliferação de armas nucleares não tiveram nenhum efeito prático.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

O anúncio coincide também com um momento crítico para Obama, que deve decidir se envia ou não mais 40 mil soldados para a Guerra do Afeganistão, aumentando para 108 mil o efetivo militar. Pesam sobre a decisão a aprovação de apenas 40% dos americanos e a divisão interna entre republicanos, que defendem a proposta, e democratas, que querem a redução do contingente.

Contexto
Desde 20 de janeiro de 2009 na Casa Branca, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos enfrenta queda de popularidade entre os americanos, por conta não somente das guerras, mas também do plano de reforma da saúde, em discussão no Congresso. Não era assim quando assumiu o cargo. Na época, havia expectativa para que resolvesse a pior crise econômica no país desde o crack na Bolsa de 1929 e recuperasse o prestígio da nação, abalada por oito anos de governo de George Walker Bush.

No término de dois mandatos consecutivos, Bush tinha um índice recorde de 80% de rejeição, por conta de uma das piores administrações da história do país. A "guerra ao terror", promovida após os ataques de 11 de Setembro de 2001, levou o país a invadir o Iraque, implementar internamente uma agenda de violações aos direitos civis e conduzir uma política externa unilateral que, em termos diplomáticos, isolou Washington.

Obama chegou à Presidência com a promessa de acabar com as campanhas militares dispendiosas e retomar o diálogo com Europa e Ásia. É este contexto que devemos levar em conta para compreender a escolha do presidente para o Nobel da Paz. Trata-se de uma aposta numa postura mais aberta e menos arrogante.

Nobel da Paz
O Prêmio Nobel foi idealizado por Alfred Nobel, industrial sueco que inventou a dinamite. O objetivo era reconhecer contribuições de valor à humanidade em cinco áreas distintas: física, química, medicina, literatura e trabalhos pela paz. A premiação ocorre desde 1901 na cidade de Estocolmo - capital da Suécia e sede da Fundação Nobel -, com exceção da entrega do Nobel da Paz, que acontece em Oslo, capital da Noruega.

O Nobel da Paz é concedido a pessoas ou organizações cujas ações promoveram a paz entre as nações e contribuíram para solucionar conflitos. Entre os mais famosos laureados com o prêmio estão Martin Luther King (1964), Madre Teresa de Calcutá (1979), Dalai Lama (1989), Mikhail Gorbachev (1990) e Nelson Mandela (1993).

Além de Obama, outros dois presidentes americanos foram contemplados durante o mandato: Theodore Roosevelt (1901-1909), em 1906, e Woodrow Wilson (1913-1921), em 1919. O ex-presidente Jimmy Carter (1977-1981) ganhou o Nobel em 2002, duas décadas depois de deixar a Casa Branca, por esforços pela paz mundial. O ex-vice-presidente Al Gore foi premiado junto com o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU, em 2007, pelo trabalho sobre mudanças climáticas.

A vitória de Obama, no entanto, recebeu críticas tanto da imprensa americana como da europeia. O motivo é que o prêmio teria sido precipitado. Obama foi indicado ao Nobel com apenas um mês no cargo e venceu antes mesmo que cumprisse, parcialmente, suas metas de governo.

Ao receber o prêmio, ele disse: "Estou surpreso e profundamente honrado com a decisão do Comitê do Nobel. Não vejo isso como reconhecimento dos meus feitos, mas como uma afirmação da liderança americana em nome das aspirações dos povos de todas as nações".

E estava certo. Foi uma escolha política do Comitê, uma maneira de os europeus ratificarem sua liderança, popularidade e, mais do que isso, o que Obama representa em relação ao governo anterior, em pelo menos três pontos: política externa, desarmamento nuclear e meio ambiente.

Diplomacia
Primeiro, ele abriu diálogo com países mulçumanos antes vistos como "inimigos" da democracia americana. Em discurso na Universidade do Cairo, capital do Egito, em 4 de junho de 2009, o presidente afirmou que os Estados Unidos "nunca esteve nem estará em guerra contra o Islã", e que os países deveriam unir forças contra o terrorismo.

Obama também se comprometeu com a retomada das negociações de paz no Oriente Médio e reatou laços diplomáticos para resolver a questão dos programas nucleares do Irã e Coreia do Norte, acabar com o embargo a Cuba e suspender os atritos com a Venezuela.

Estas iniciativas inauguraram uma nova política externa dos Estados Unidos, antes pautada pelo unilateralismo, quer dizer, a adoção de decisões sem levar em conta o papel de órgãos mediadores, como a Organização das Nações Unidas (ONU).

Outra medida importante envolveu negociações com a Rússia para cumprir ambiciosas metas do programa de redução de armas nucleares, objetivando tornar o mundo mais seguro. No dia 17 de setembro de 2009, a Casa Branca anunciou a desistência do projeto de escudo antimísseis no Leste Europeu, desenvolvido no governo Bush, que Moscou considerava uma ameaça à segurança. No lugar, propuseram um novo sistema de defesa, em conjunto com Rússia e Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Na área ambiental, o presidente revogou decisões da administração Bush e considerou prioritárias questões climáticas e ambientais, defendendo a geração de energia limpa e fontes renováveis. Em junho, os deputados americanos aprovaram projeto que limita as emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.

Por isso, a presença dos Estados Unidos é considerada vital para a reunião em Copenhague, em dezembro próximo, em que se tentará definir o acordo climático que vai substituir o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012 e do qual o país não é signatário.

Mesmo que a maior parte destas propostas não tenha tido ainda resultados práticos, como justificam os críticos da escolha do Nobel, elas assinalam avanços que foram reconhecidos pela comunidade internacional. Neste sentido, o prêmio é considerado, ao mesmo tempo, como estímulo e reconhecimento pelo que Obama representa para o mundo hoje, e um sinal de que Estados Unidos e Europa estão mais próximos.

A entrega do prêmio ocorrerá no dia 10 de dezembro de 2009, na Câmara de Oslo. Ele consiste num diploma, uma medalha de ouro e 10 milhões de coroas suecas (R$ 2,5 milhões), que Obama diz que irá doar para a caridade.

terça-feira, 31 de março de 2009

Capacete eletrônico usa força da mente para dar vida a robô

Capacete eletrônico usa força da mente para dar vida a robô

Sensores transferem energia do cérebro.
Tecnologia fez robô mexer pernas e mãos.

Do G1, em São Paulo

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Os japoneses já estão testando um capacete eletrônico, computadorizado, capaz de usar a força da mente para dar vida a um robô.

O laboratório da Honda desenvolveu a tecnologia que ajudou um robô a mexer mãos e pernas com alguma desenvoltura.

Os sensores captam ondas do cérebro humano - enquanto uma pessoa pensa em se mover - e a transferem em forma de energia suficiente para o robô realizar alguns movimentos básicos.

Foto: Honda Motor/AFP Photo

Na foto, um detalhe do capacete eletrônico e (à direita) o teste feito no laboratório da Honda. (Foto: Honda Motor/AFP Photo)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Conheça alimentos comuns que deixam as pessoas mais bonitas

Frutas como morango e manga evitam o envelhecimento.
Consumo, no entanto, precisa obedecer a algumas regras.


Você procura uma fórmula simples e eficiente para manter a beleza? Pois fique sabendo: o segredo da estética pode estar escondido no seu prato. E não tem nada de mágico nisso. A nutricionista Patrícia Soares explica que consumir alguns alimentos selecionados pode deixar qualquer pessoa não apenas mais saudável, mas também mais bonita.

“A alimentação é um dos fatores mais importantes para a saúde e a beleza dos indivíduos. Tudo que a gente come acaba refletindo de alguma maneira no nosso bem estar, na nossa atividade intelectual e na nossa estética”, explica Patrícia, diretora da consultoria em nutrição Vital Nutri, em São Paulo.

Para isso, é preciso duas coisas. Primeiro escolher os alimentos adequados, com baixa caloria e baixo teor de gordura. Exemplos fáceis? Frutas, vegetais, legumes e cereais integrais. “Esses são todos alimentos que vão ajudar a ter um controle de peso. Tendo controle de peso, você, portanto, tem uma quantidade de gordura localizada menor, uma formação de celulite menor e uma possibilidade de aparição das estrias também menor”, explica a nutricionista.

Confira duas opções de receitas que promovem a beleza:


Mas comer as coisas certas não é suficiente. É preciso comer direito, obedecendo as regras da boa alimentação. “Pensar na quantidade, na qualidade e na regularidade da sua alimentação diariamente. Não é aquela coisa de ‘hoje é o dia da desintoxicação, amanhã é o dia da dieta da sopa’. Não existe isso. Existe o balanço nutricional do mês”, afirma Patrícia.

O controle de peso é a base, mas ele não é o único fator envolvido. “Tem também o envelhecimento. Nós evoluímos, avançamos na idade e envelhecemos -- externamente e internamente. A alimentação ajuda na manutenção das estruturas celulares para que você tenha um retardo [no envelhecimento]”, diz a nutricionista.

Para Patrícia Soares, o padrão de alimentação hoje é muito ruim no mundo todo. “Rico em gordura, rico em sal, com baixo valor nutricional, com pouca vitamina e pouca fibra. Essa alimentação é antiestética”, acredita.

Veja abaixo a lista com alguns alimentos que favorecem a beleza:

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Calculadora mostra qual combustível é mais vantajoso

Pesquisa indica que gasolina vale a pena em apenas nove estados.
Para se sobressair, preço do álcool precisa ser, em média, 30% menor.

Uma pesquisa divulgada em 14 de janeiro mostra que abastecer com álcool é vantajoso em 18 estados brasileiros , enquanto a gasolina vale a pena em apenas nove. Como a autonomia do veículo com álcool é, em média 30% menor, para ser vantajosa a sua utilização, o preço do litro também precisa ser 30% menor. Faça o cálculo e confira:


sábado, 24 de janeiro de 2009

Carro do futuro terá lataria que desamassa sozinha

Desenvolvimento da nanotecnologia 'reinventa' os automóveis.
Inovações na área podem reduzir custos, emissões e aumentar conforto.

Nada como chegar na garagem de manhã, olhar para o carro e ver que aquele amassadinho na lataria, feito no dia anterior, não está mais lá. Sozinho, o carro "reparou" a batida. Tecnologia como esta pode ainda demorar um pouco para atingir a escala de produção, mas não é mais uma idéia distante da realidade. Tudo graças ao uso da nanotecnologia em materiais para a indústria automobilística.



A nanotecnologia trabalha com estruturas extremamente pequenas, do tamanho de moléculas, o que aumenta a capacidade de manipulação dos materiais. Por isso, os estudos estão voltados na melhoria dos componentes e abrangem diversos materiais como metais, tintas, plásticos e vidros — até nos pneus a nanotecnologia é aplicada para o aumento do tempo de retenção da pressão.

Plásticos mais resistentes

No caso do desenvolvimento de veículos, a aplicação dos nanocompostos vive a chamada “primeira onda”, que está concentrada nos plásticos. De acordo com o diretor regional de São Paulo da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), Flávio Campos, os carros com projetos de menos de um ano e meio já têm esses materiais.

“O que temos implantado tanto no Brasil quanto fora são materiais plásticos com mais resistência ao calor, mais robustos e, em alguns casos, com ganhos de produção, por causa da redução de custos”, explica Campos.

Foto: Divulgação
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Primeira onda de inovações está na área de plásticos (Foto: Divulgação)

As aplicações em plástico são diversas: painéis, carroceria, forraçãoe outros acabamentos. Mas o grande ganho tem sido no compartimento do motor, devido à resistência às altas temperaturas. “A indústria vem substituindo partes metálicas por plástico. No Brasil, ainda não temos essa característica devido a processos internos, mas é uma tendência”, afirma o diretor da SAE.

De acordo com o gerente de desenvolvimento de produtos e mercado da Nova Petroquímica, Cláudio Marcondes, a utilização de nanopartículas de cerâmica é uma das inovações que têm ajudado a melhorar as características dos plásticos.

Pintura à prova de riscos

A onda seguinte aos plásticos é a da pintura, que já está em processo avançado de desenvolvimento. Campos explica que, nesta área, há duas linhas de pesquisa. A primeira trabalha com a resistência a riscos. “Você pode passar um prego na lataria e a pintura não risca”, observa. A outra, é a propriedade de reconstituição, ou seja, o risco na pintura some com o tempo.

“Esta tecnologia está sendo lançada fora do Brasil e é muito cara. Precisaria de uma escala adequada para compensar o custo. Não dá para uma pessoa pagar, por exemplo, R$ 20 mil a mais em um carro só por causa dessa característica”, pondera.

Sobre a nanotecnologia nas tintas, o coordenador de tecnologias entre os vários centros de pesquisa e desenvolvimento da DuPont no mundo com foco no mercado sul-americano de tintas automotivas, José Valdir Guindalini, afirma que ainda não existe um verniz que resista a todos os “ataques”, mas a resistência ao risco já é um grande avanço.

A manipulação das propriedades dos metais já caracteriza uma outra onda de inovações, ainda no início de desenvolvimento. “Existe uma pesquisa na Alemanha que estuda o desenvolvimento de um efeito borracha na chapa de metal, ela amassaria e, depois, voltaria ao estado inicial. Mas é uma pesquisa muito de fronteira ainda”, ressalta Flávio Campos.


Foto: Divulgação
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Nanotecnologia também é aplicada em bancos e vidros dos veículos (Foto: Divulgação)
Banco bactericida e vidro que escurece

O trabalho com a nanotecnologia abre extenso leque na indústria automobilística. Um exemplo é o uso de nanopartículas de prata em dutos e caixa de ar-condicionado, carpetes e tecidos, com foco no benefício proporcionado pela característica bactericida do material.

Aliás, as propriedades da prata já são exploradas pela indústria têxtil. “A nanoprata mata 90% de fungos, algas e bactérias. A aplicação em fibras de bancos, por exemplo, traria benefícios até a ônibus e metrô”, aponta Cláudio Marcondes.


Em relação aos vidros, as pesquisas vão desde a mudança das propriedades do material até a sua substituição por policarbonato (material sintético). A mais recente inovação, aplicada, por enquanto, apenas em Ferraris, é o vidro eletrocrômico. O diretor-geral da Saint-Gobain Sekurit para Brasil e Argentina, Manuel Corrêa, explica que a tecnologia utiliza uma passagem de corrente elétrica pelo vidro, para que a cor do vidro se adapte de acordo com a necessidade de luminosidade do condutor.


Foto: Divulgação
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Indústria precisa tornar comerciável a aplicação dos nanomateriais (Foto: Divulgação)
Desafio é conseguir escala de produção

Quem compra um Ferrari, provavelmente terá dinheiro para bancar tecnologias como essas. Entretanto, quase ninguém pode comprar uma Ferrari. Por esse motivo, o maior desafio da indústria automobilística é tornar comerciável tal tecnologia — e isso só é possível com a economia de escala.

É o que já acontece com os plásticos, por isso representa a primeira onda de avanço. Flávio Campos, da SAE, explica que na área de plásticos, os benefícios proporcionados com a tecnologia têm sido maior que o custo de desenvolvimento.

Campos ressalta o alto investimento em pesquisa o caminho para tornar comerciável mudanças em todas as áreas de materiais. E o argumento para isso abrange, inclusive, questões ambientais, já que a nanotecnologia pode facilitar a reciclagem dos componentes e ajudar na redução do peso total do veículo, o que diminui os níveis de emissão de gases poluentes.

"O Brasil precisa de mais investimentos nessa área de nanotecnologia, que é muito importante na busca pelo carro barato e mais competitivo mundialmente", ressalta Campos.