segunda-feira, 31 de março de 2008

Aquecimento Global


Frear aquecimento global e evitar caos climático é possível, diz relatório da ONU

Há tecnologia e dinheiro para limitar o aquecimento, mas é preciso agir imediatamente.
Adoção de biocombustíveis e fontes de energia renováveis são alternativas.

Cientistas e autoridades de mais de 100 países concluíram nesta sexta-feira (4) que lutar contra o aquecimento global é possível financeiramente e que a tecnologia disponível é suficiente para diminuir as emissões de gases poluentes. Com medidas rápidas e enérgicas seria possível evitar o caos climático no futuro.

As informações foram divulgadas no relatório final do Painel Intergovernamental para Mudança Climática (IPCC), organizado pela ONU buscar, após reunião em Bangcoc, Tailândia. Especialistas em clima e representantes de diferentes países estavam reunidos desde segunda-feira (30) discutindo sobre o tema. Foi o terceiro relatório elaborado em 2007.

Segundo as estimativas do relatório, o custo de manter o aquecimento sob controle (ou seja, dentro de uma margem de 2 graus Celsius) ficaria ao redor de 0,12% do PIB (Produto Interno Bruto) das nações.

O documento servirá como um ‘manual’ para os governantes e aborda formas de evitar o aumento da emissão de gases que causam o aquecimento global, particularmente o dióxido de carbono (CO2) liberado pela queima de combustíveis fósseis e florestas. Revê as últimas descobertas científicas sobre custos e formas para frear as emissões e ainda afirma que as atuais políticas ambientais são inadequadas.

As delegações dos diferentes países chegaram a um consenso de que o mundo tem tecnologia e dinheiro para limitar o aquecimento global, mas deve agir imediatamente. A adoção de biocombustíveis e fontes de energia renováveis, além de melhor aproveitamento energético, entre outras medidas, podem reduzir o impacto do desastre mundial. Há uma variedade tecnológica já disponível para conter as mudanças climáticas com um custo razoável até mesmo para os países responsáveis pelos maiores danos à natureza.

“Os esforços para a atenuação do aquecimento global e para a diminuição da poluição nos próximos 20 ou 30 anos terão um grande impacto sobre as possibilidades de alcançarmos os níveis mais baixos para a estabilização das emissões de gases que provocam o efeito estufa”, afirma a conclusão do IPCC.

O texto também contempla a energia nuclear, a solar e a eólica, além das práticas para a captação e o armazenamento de CO2 emitido. Mudanças na forma de plantio de algumas culturas e no tratamento de rebanhos ainda podem diminuir emissões de gás metano, que também causa efeito estufa. Em alguns casos, as tecnologias proporcionarão grandes benefícios, inclusive menores gastos com saúde por causa da diminuição da poluição.

“Existiam algumas pendências em relação à questão nuclear, mas finalmente chegamos a um acordo sobre isso”, afirmou Andres Flores Montallo, da delegação Mexicana.

Participando da conferência apenas como observador, Jacques Selliers, diretor de uma organização não-governamental, concorda que o balanço final foi positivo. “Algumas partes foram mais difíceis, alguns trechos do documento foram eliminados, mas acredito que no geral o relatório manteve sua essência científica e permanece muito bom”, disse.

Resistência

A União Européia e a China buscardiscutiram sobre os custos e a quantidade permitida para emissões de gases que causam o efeito estufa.

Saiba mais

Segundo maior poluidor do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos buscar, a China foi um dos países que mais resistiram à recomendação de reduzir a concentração de partículas de CO2, juntamente com a Índia. O nível atual é de 430 partículas de CO2 por milhão, de acordo com os especialistas, e o objetivo é manter em 445 partículas de CO2 por milhão em 2030.

“Com as atuais práticas, as emissões vão continuar a crescer nas próximas décadas”, afirmou um participante do encontro.

A delegação chinesa reclamou que os custos regionais para frear as emissões diferem muito das médias mundiais. Outro representante afirmou que o objetivo não é realista, dado o aumento das emissões de países em desenvolvimento.

A União
Européia pretende seguir o limite máximo permitido para atingir a meta de um aumento de apenas 2ºC na temperatura global, um nível que, se ultrapassado, seria o ponto de partida para perigosas mudanças no sistema climático mundial.

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