segunda-feira, 31 de março de 2008

Monóxido de carbono


Itália, março de 1944. Um trem enguiçado dentro do túnel Armi resultou em mais de 500 mortos. Em questão de minutos todos perderam os sentidos e morreram. O que teria acontecido?

Enquanto os carros geralmente queimam gasolina, esse trem italiano queimava carvão (C + O2 → CO2). Até aí, nada de mais. Acontece que nenhuma queima é ideal. Uma parte é sempre incompleta, isto é, utiliza menos oxigênio (O2) do que deveria. Resultado: formação de fuligem e monóxido de carbono (CO) no lugar do CO2. Por ser incolor e inodoro, o CO não avisa que está chegando. Sonolência, tonturas... Morte! O problema é que esse gás se combina com a hemoglobina do sangue no lugar do O2. Sem absorver O2 a pessoa morre. Como a ligação entre o CO e o ferro (da hemoglobina do sangue) é muito mais estável que a ligação O2 - Fe, baixíssimas concentrações do veneno podem ser letais. Foi o que aconteceu no túnel Italiano e pode acontecer em qualquer outro.

É fácil reconhecer uma vítima dessa intoxicação. Sua pele fica rosada, já que essa é a cor da substância Hb-CO. O tratamento é simples: exposição da vítima ao ar fresco ou, melhor ainda, O2 puro. Lentamente, o O2 vai recuperando o seu lugar e expulsa o CO.

E por falar em CO, vale lembrar que seu “primo”: o íon cianeto (CN)- . Eles apresentam o mesmo número de elétrons (28) e, por isso, são quimicamente semelhantes. O CN- também mata. Durante a Segunda Guerra Mundial, o gás HCN que apresenta um suave cheiro de amêndoas, foi utilizado pelos nazistas nas câmaras de gás. Sua produção é , infelizmente, bem simples: basta adicionar umas pastilhas de cianeto de sódio em ácido sulfúrico: NaCN(s) + H2SO4(aq) → HCN(g) + NaHSO4(aq)

E não é assustador saber que podemos encontrar o CN- nas sementes de algumas frutas, como cereja e pêssego? Calma, preso na amidalina (substância presente nessas sementes), ele não é perigoso. Só quando elas são esmagadas é que pode haver liberação de um pouquinho de HCN. Na Antigüidade, os romanos já sabiam disso, e era assim que preparavam os seus venenos.

Antídoto? Claro que há! Altas dosagens de um outro íon: o tiossulfato (S2O3)2-.

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